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segunda-feira, 29 de abril de 2013

O novo partido de Marina Silva

O novo partido de Marina Silva
No último dia 16 de fevereiro foi oficialmente lançada em Brasília mais uma nova legenda burguesa no cenário político brasileiro: o Rede Sustentabilidade, oriundo do “Movimento por uma nova política”, que foi impulsionado pela ex-senadora Marina Silva após sua saída do PV em 2011.
Primeiramente, Marina tentou dissimular o personalismo, centrado na sua própria figura, que deu origem ao Rede. A pedido dela, foi vetado o uso de imagens da ex-senadora tanto local do evento onde o partido foi fundado quanto nos materiais de divulgação, para evitar que a nova sigla seja chamada de “Partido da Marina”. No entanto, basta um retorno ao primeiro turno das eleições presidenciais de 2010 para compreendermos que os cerca de 20 milhões de votos obtidos por Marina – terceira colocada na época, atrás apenas de Dilma e José Serra – foram a força motriz para a fundação de um novo partido. Não à toa, há a pretensão de que o Rede recolha as 500 mil assinaturas necessárias à sua legalização até setembro deste ano, para que já esteja apto a participar das eleições de 2014.
Fundamentado na corrida eleitoral, o novo partido não tem nada de novo, por mais que seus fundadores digam o contrário. Para angariar apoio, o programa do partido foi sintetizado em sete slogans, entre eles a “sustentabilidade”, a “diversidade”, a “visibilidade” e a “colaboração”. Ou seja, centra-se em abstrações para mascarar a ausência de princípios. Além disso, o estatuto provisório proíbe a contribuição financeira de setores cuja lógica produtiva “não seja ligada à sustentabilidade” e de empresas que produzem cigarros, armamentos, agrotóxicos e bebidas alcoólicas. Ou seja, seduz através de um engano consciente: o recorte moral do modo de produção capitalista. Segundo esta lógica absurda, os diversos setores da economia não têm qualquer relação entre si e uma fábrica de automóveis, por exemplo, é “melhor” que aquela de cigarros. Deve ser por isso que entre os coordenadores da Comissão Nacional que organizou a fundação do Rede esteja Maria Alice Setúbal, filha de Olavo Setúbal, da família controladora do Banco Itaú.
Quando indagada sobre a relação do novo partido com o governo do PT, Marina Silva afirmou que o Rede não será “nem oposição, nem situação”, lembrando a frase dita por Gilberto Kassab, que, ao criar o PSD em 2011, afirmou que seu partido não era esquerda, nem direita e nem centro. Tal qual o partido de Kassab, mas com uma pincelada verde, a legenda de Marina tende a ser um novo reservatório para aqueles que buscam asilo político para as próximas eleições. Caso emblemático nesse sentido é o do senador Eduardo Suplicy (PT-SP), que foi convidado para o evento de fundação do Rede e cogita aderir ao novo partido caso não consiga candidatar-se novamente ao Senado pelo PT em 2014, evidenciando o oportunismo político tanto de Suplicy quanto do partido de Marina.
Entre os futuros ingressantes do Rede já estão confirmados, por exemplo, os deputados federais Alfredo Sirkis (PV-RJ), Walter Feldman (PSDB-SP) e Domingos Dutra (PT-MA), além de expoentes do PSOL, como Heloísa Helena, atualmente vereadora de Maceió, e Martiniano Cavalcanti, fundador do MTL (Movimento Terra, Trabalho e Liberdade), corrente que fez parte da fundação no PSOL. Heloísa e Martiniano, com um pé no PSOL e outro no Rede, podem levar à migração de outros militantes à legenda de Marina e mesmo tentar costurar uma aliança com o partido de Ivan Valente nas eleições de 2014.
Resistirá o PSOL à rede de Marina? Esse embate provavelmente tomará boa parte das discussões do próximo Congresso Nacional do PSOL, que, fundamentado na aglutinação de diversas correntes políticas em detrimento do centralismo e centrado nos mandatos dos seus parlamentares, pode também sucumbir ao parlamentarismo verde, mais vantajoso porque capitaneia mais votos.
Fonte texto: Portal Negação da Negação

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