Para justificar sua absurda condenação ao lockdown, Conselho de Medicina usa frase fora de contexto como se fosse da Organização Mundial de Saúde
Com as UTIs do Distrito Federal lotadas, o Conselho Regional de Medicina divulgou uma nota condenando o lockdown decretado pelo governador Ibaneis Rocha na última sexta-feira, 26, para tentar conter o aumento dos contágios e o consequente colapso nos hospitais. Como se não fosse o suficiente, ainda utilizou uma notícia enganosa para justificar seu posicionamento. “O lockdown não salva vidas e faz os pobres muito mais pobres”, diz o texto, citando o “Dr. David Nabarro”, como se este falasse pela OMS (Organização Mundial de Saúde) e a entidade estivesse “condenando” o lockdown. É mentira.
Em primeiro lugar, Nabarro não é diretor da OMS nem porta-voz da entidade, e sua fala, uma entrevista à revista britânica The Spectator, foi tirada de contexto pelos negacionistas do coronavírus, de acordo com verificação feita pelo projeto de checagem Comprova em outubro do ano passado. Na época, a notícia enganosa estava sendo espalhada no twitter por uma deputada federal bolsonarista, Major Fabiana.
WATCH: Dr David Nabarro, the WHO's Special Envoy on Covid-19, tells Andrew Neil: 'We really do appeal to all world leaders: stop using lockdown as your primary control method'. Watch the full interview here: https://t.co/XLdaedsKVS #SpectatorTV @afneil | @davidnabarro pic.twitter.com/1M4xf3VnXQ
— The Spectator (@spectator) October 9, 2020
“David Nabarro –que é enviado especial da organização e não seu diretor, como afirma a deputada–, de fato destacou os impactos econômicos e sociais negativos dos lockdowns. Isso não significa, no entanto, que a OMS tenha mudado de posição”, diz a checagem, lembrando que, na mesma entrevista, o representante da entidade afirmou que os lockdowns “são justificados em momentos de crise, para reorganizar os sistemas de saúde e proteger os profissionais que estão na linha de frente do combate à doença. A ideia desta prática é ‘achatar a curva’ de contágio, evitar a superlotação de hospitais e, depois, permitir a reabertura das economias”.
"A OMS estabeleceu seis requisitos para que os países pudessem relaxar quarentenas e lockdowns. Bolsonaro não cumpriu nenhum, mas sobre a má atuação do governo federal na pandemia os Conselhos Regionais e Federal de Medicina continuam em silêncio"
O que de fato Nabarro falou na entrevista é que os lockdowns não podem ser a principal forma de os governos combaterem a pandemia. “Nós realmente apelamos aos líderes mundiais: parem de usar o lockdown como seu método principal de controle”, disse.
Segundo declarou oficialmente a OMS diversas vezes, os países não podem trocar a quarentena por nada. A entidade estabeleceu seis requisitos antes de os governos relaxarem as restrições sobre a população (quarentenas e lockdowns): assegurar que as transmissões estejam sob controle; assegurar que os sistemas de saúde podem cuidar de todos os casos; minimizar riscos de contágio nos hospitais e centros de saúde; estabelecer medidas preventivas em escolas, locais de trabalho e outros lugares essenciais; gerenciar o risco de que o vírus seja importado de outros lugares; educar a comunidade sobre o novo normal, e como eles podem se proteger.
Bolsonaro não cumpriu nenhuma dessas prerrogativas, mas sobre a má atuação do governo federal na pandemia e sobre a mentira do tratamento precoce, os Conselhos Regionais e Federal de Medicina continuam em silêncio.
Fonte: Socialista Morena
Nenhum comentário:
Postar um comentário