Com pedidos de impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), e da abertura de uma CPI da pandemia, Belo Horizonte e Contagem têm oito outdoors espalhados por diversas regiões, inclusive um letreiro iluminado.
A ação foi organizada pelo Acredito, movimento político que se declara progressista e suprapartidário, por meio de uma campanha de financiamento coletivo que já arrecadou cerca de 33 mil reais de mais de 370 doadores. Nesta terça (23), está prevista a instalação de mais seis outdoors, totalizando 14, em regiões entre a praça Milton Campos, na região Centro-Sul, a avenida Américo Vespúcio, na Noroeste, e a avenida Cristiano Machado, em Venda Nova.
Um dos líderes do movimento no Estado, o advogado Lucas Azevedo Paulino, 32, explica que essa foi a maneira que encontraram de expor sua crítica no momento mais agudo da pandemia. “Em janeiro, organizamos uma carreata que teve boa repercussão. Naquele momento, reagíamos ao colapso no sistema de saúde de Manaus, mas o restante do Brasil ainda estava razoavelmente controlado. Agora, com o agravamento da situação inclusive aqui em Belo Horizonte, essa foi a alternativa que encontramos para manifestar nossa indignação em relação ao descaso do governo com a pandemia, a má gestão da economia e os diversos crimes de responsabilidade que foram cometidos”, explica.
A grande adesão à campanha surpreendeu os próprios organizadores, que a princípio tinham a meta de instalação de apenas dois outdoors. A estratégia se inspirou em manifestações similares realizadas de maneira isolada em outras partes do Brasil. “A ideia é furar a bolha ideológica das redes sociais, que em geral nos faz falar para quem já concorda conosco. Por isso espalhamos por diversas regiões. Queremos comunicar como a vida está mais cara, a inflação dos produtos alimentícios, da gasolina, e como isso tem a ver com o descontrole da pandemia”, diz.
Alguns cartazes se dirigem diretamente ao senador Rodrigo Pacheco (DEM), atual presidente do Senado, que é representante de Minas Gerais. Pacheco tem resistido em abrir uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar irregularidades cometidas pelo governo federal na crise sanitária.
Quanto a possíveis atos de repressão – como a abertura de um inquérito contra o sociólogo e professor Tiago Costa Rodrigues, que instalou dois outdoors em Palmas, no Tocantins, com a frase “Cabra à toa, não vale um pequi roído. Palmas quer impeachment já”, e a investigação aberta contra o youtuber Felipe Neto por ter chamado o presidente de “genocida” –, Paulino afirma que o grupo não se deixa intimidar. “O principal pilar da democracia constitucional é a liberdade de expressão, é um direito garantido. Se o governo não sabe o que é democracia, queremos mostrar que o pluralismo está em sua base. Além disso, contamos com uma equipe jurídica boa que está preparada para enfrentar qualquer investida estatal de intimidação”, frisa.
Além da instalação de novos outdoors, o movimento pretende dar suporte para que a ação se espalhe por outras cidades. Paulino diz estar em contato com dez lideranças no interior de Minas, e outras em São Paulo, Rio de Janeiro, Acre, Ceará e Santa Catarina. “Isso é sinal de sucesso, queríamos inspirar que a mobilização ganhasse o Brasil e ajudar a dar corpo a esse movimento de outdoors contra Bolsonaro no país”, conclui.
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