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quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

De Naiara Azevedo a Neymar Pai: Veja famosos que prestigiaram ataque de Bolsonaro à imprensa

Deputado Daniel Freitas (PSL-SC) diz que artistas presentes em almoço
Deputado Daniel Freitas (PSL-SC) diz que artistas presentes em almoço "assinaram uma carta sinalizando apoio ao presidente Bolsonaro"

O presidente Jair Bolsonaro estava almoçando com um grupo de famosos nesta quarta-feira (27) no momento em que se irritou com a imprensa ao comentar sobre os dados que apontam um gasto de R$ 15 milhões em leite condensado no ano de 2020 por parte do Executivo Federal.

O objetivo do almoço seria discutir soluções para os setores de eventos, turismo e gastronomia, que foram afetados durante a pandemia do coronavírus.
Famosos como Naiara Azevedo, Neymar Pai e Sorocaba participaram do encontro, que ocorreu na churrascaria Vila Planalto, em Brasília. Em fotos que circulam nas redes sociais, também é possível constatar a presença do cantor Arnaldo, da dupla com Diego, o cantor Rick, da dupla com Renner, Amado Batista, Netinho e Marcão do Povo.

O encontro também contou com a presença de deputados e outras figuras do governo Bolsonaro, como Mario Frias, secretário especial de Cultura, e Fábio Farias, ministro das Comunicações.

No Instagram, o deputado federal bolsonarista Daniel Freitas (PSL-SC), que também participou do almoço, informou que os artistas presentes “assinaram uma carta sinalizando apoio ao presidente Bolsonaro”.

Foi neste encontro que Bolsonaro xingou a imprensa por questioná-lo sobre os gastos milionários com alimentos considerados supérfluos durante a pandemia do coronavírus.
“Quando eu vejo a imprensa me atacar, dizendo que eu comprei 2,5 milhões de latas de leite condensado… Vai para a puta que pariu, porra! É pra enfiar no rabo de vocês, imprensa”, disse o presidente.
Além dos custos do leite condensado, foram R$ 16,5 milhões com batata frita embalada, R$ 13,4 milhões com barras de cereais, R$ 21,4 milhões em iogurte natural, R$ 8 milhões em bombons, R$ 2 milhões em chicletes, entre outros. 

Associação de Juízes Federais no RS promete vacina contra covid para associados e familiares

Quando o privilégio econômico fura a fila

Embora muitos países tenham tido dificuldades para obter vacinas enquanto os fabricantes se esforçam para atender à demanda global, o Brasil ostentava  um bom posicionamento mundial até então. O país tem uma longa história de campanhas de vacinação bem-sucedidas ao longo de mais de 50 anos de experiência, somadas a capilaridade do sistema SUS e institutos financiados pelo Estado podem produzir vacinas em grande escala.

Embora muitos países tenham tido dificuldades para obter vacinas enquanto os fabricantes se esforçam para atender à demanda global, o Brasil ostentava  um bom posicionamento mundial até então. O país tem uma longa história de campanhas de vacinação bem-sucedidas ao longo de mais de 50 anos de experiência, somadas a capilaridade do sistema SUS e institutos financiados pelo Estado podem produzir vacinas em grande escala.

O governo federal desperdiçou essas vantagens, apostou na hidroxicloroquina, na cloroquina e em outras substâncias  sem eficácia científica comprovada.   A campanha de vacinação é mais uma das  falhas do Ministério da Saúde, que o presidente Jair Bolsonaro aparelhou com militares da ativa e da reserva sem qualificação técnica  alguma  em saúde pública.

Os atrasos deixam 210 milhões de habitantes do país vulneráveis a um dos piores surtos de coronavírus do mundo. O Brasil registrou mais de 218.000 mortes por Covid-19, atrás apenas dos Estados Unidos, e vacinou menos de 0,5% de sua população.

A população aguarda sua vez na fila e uma programa de vacinação eficaz  do Ministério da Saúde e que o Governo Federal assuma a sua responsabilidade. Por outro lado, como já aconteceu com os testes para a covid-19, o corporativismo e o lucro tomam a frente aonde o Estado falha nas politicas públicas para o bem-estar. Empresários tentam furar a fila para que seus empregados continuem produzindo e os juízes federais resolvem ter um privilégio usando associação corporativa. 

O corporativismo que privilegia

A colunista Rosane de Oliveira, da RBS, que teve acesso ao ofício encaminhado pela Associação dos Juízes Federais do Rio Grande do Sul (Ajufergs) para seus associados nesta terça-feira (26). No documento, a entidade de classe, garantia a compra de vacinas contra covid-19 para todos os seus associados e até oito familiares de cada um.
Os juízes terão a vacina custeada pela associação, e os familiares pagarão R$ 800 pelas duas doses.

O ofício número 001/2021, datado de 26 de janeiro de 2021, diz: “A Ajufergs vai adquirir as doses necessárias para a vacinação de todos os associados contra a covid-19, em conformidade com o processo de compra da vacina Covaxin, já iniciado pela Associação Brasileira das Clínicas de Vacinas (ABCVAC)”. A Covaxin é produzida pelo laboratório indiano Bharat Biotech, com larga experiência na produção de vacinas, e já teve seu processo de autorização iniciado junto à Anvisa, “estando inclusive autorizado seu uso emergencial pela autoridade sanitária da Índia”.


Segue o documento: “Ainda, conforme informação da clínica credenciada (Multivacinas), a vacinação ocorrerá por meio de duas doses com intervalo de 28 dias e será realizada em todo o Estado do Rio Grande do Sul”.

Em reunião extraordinária realizada na segunda-feira (25), o conselho executivo decidiu pela participação da Ajufergs no processo de compra corporativo, conforme proposta oferecida, assim como também pelo custeio da vacinação para todos os associados que manifestarem interesse.

“Tendo em vista a provável demora na vacinação por meio do SUS, bem como o fato de que a maioria dos associados não se enquadra nos grupos prioritários, entendeu-se justificada a compra das vacinas neste momento, visando à mais rápida imunização dos associados, ainda que não exista certeza acerca da aprovação junto à Anvisa e da data da efetiva disponibilização da vacina Covaxin”, explica a direção da associação.

A entidade destaca que, neste momento de alta demanda, a ABCVAC está promovendo apenas a venda para o público corporativo e somente as doses remanescentes serão futuramente disponibilizadas ao público individual, possivelmente a um valor mais elevado.

Os associados deverão preencher um formulário (anexo ao ofício) com a indicação do interesse em receber a vacina pessoalmente (custeada pela Ajufergs) ou comprar para até oito pessoas e entregar até o meio-dia de sexta-feira. Os interessados na compra terão de transferir o dinheiro para a conta da Ajufergs e encaminhar o comprovante de transferência bancária para o e-mail ou para o WhatsApp da instituição.

Programas Nacionais  de Imunização (PNI)

Um reconhecimentos da potencialidade, inclusive pela OMS ( Organização Mundial de Saúde) dos Programas Nacionais  de Imunização (PNI) brasileiro, é que um país de extensão continental;” a vacina foi assumida como um direito de todos, seguindo os critérios do SUS  (Sistema Único de Saúde) e sendo realizada de forma gratuita,” . E no caso da covid-19 , ela deveria continuar seguindo:  priorizando grupos de risco.  E não o privilégio econômico para furar a fila.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

História - Maria Bonita, a rainha do cangaço

Em biografia de Maria Bonita, Adriana Negreiros conta a história do cangaço do ponto de vista das mulheres do bando de Lampião e resgata imagens históricas do fotógrafo Benjamim Abrahão

A casa dos pais de Maria Gomes de Oliveira, na Malhada do Caiçara (BA), um dos coitos de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião.


A Rainha do Cangaço em trajes de festa: cabelos ao estilo das melindrosas, dedos tomados por anéis e uma profusão de colares no pescoço.

Maria e Lampião com os cães de estimação. Ele mostra para a câmera um exemplar da revista 'A Noite Ilustrada'.

Maria Bonita penteia o cabelo de Lampião, em raro registro da intimidade do casal.

O casal de cangaceiros Pancada e Maria Jovina, do bando de Lampião.

A cangaceira Cristina, considerada de "feiura espamosa" e morta por suspeita de traição. Na imagem, aparece ao lado de Português, seu companheiro, e Atividade.

As cangaceiras Nenê, Maria Jovina e Durvinha.

Bando de Lampião, com Maria Bonita em primeiro plano.

Bando de Corisco, com as cangaceiras Dadá e Maria Jovina.

Maria Gomes de Oliveira, que entrou para a história como Maria Bonita.


Fonte:El Pais

 

Freixo pede abertura da ‘CPI do leite condensado’ para investigar gastos do governo

O deputado federal Marcelo Freixo (PSol-RJ) pediu, nesta quarta-feira (27/1), a abertura de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar os gastos do governo Jair Bolsonaro com alimentação, revelados pelo Metrópoles. Um dos fatos que mais chamaram a atenção foi o desembolso de R$ 15 milhões com leite condensado.

O deputado federal Marcelo Freixo (PSol-RJ) pediu, nesta quarta-feira (27/1), a abertura de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar os gastos do governo Jair Bolsonaro com alimentação, revelados pelo Metrópoles. Um dos fatos que mais chamaram a atenção foi o desembolso de R$ 15 milhões com leite condensado.

O parlamentar quer acesso aos contratos para saber quais são as empresas fornecedoras, quem são os donos e como cada uma foi contratada.

“Especialmente em um ano em que o governo se omitiu quanto a diversos gastos necessários ao enfrentamento da pandemia de Covid-19, é preciso investigar essas compras e essas prioridades do governo, e se houve gasto desnecessário ou mesmo corrupção”, justifica. “É preciso entender para onde foi cada um desses itens, o porquê da compra acima do preço de mercado, se as licitações foram idôneas, quais são as empresas beneficiadas”, acrescenta. (…)

Levantamento do (M)Dados, núcleo de jornalismo de dados do Metrópoles, mostrou que, no último ano, todos os órgãos do Executivo federal pagaram, juntos, mais de R$ 1,8 bilhão em alimentos — um aumento de 20% em relação a 2019.
(…)

terça-feira, 26 de janeiro de 2021

Mais de R$ 1,8 bilhão em compras: “carrinho” do governo federal tem de sagu a chicletes

O valor representa aumento de 20% em relação a 2019. Só em goma de mascar, a conta custou R$ 2.203.681, 89 aos cofres públicos


Na polêmica disputa “com ou sem uva-passa“, o Executivo federal, ao que parece, tem um lado bem definido. Em 2020, os órgãos sob comando do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) gastaram pouco mais de R$ 5 milhões na compra da fruta desidratada. O gasto (e o gosto) com o produto, questionável para alguns, não é nem 1% do valor total pago na compra de supermercado do governo.

Levantamento do (M)Dados, núcleo de jornalismo de dados do Metrópoles, com base do Painel de Compras atualizado pelo Ministério da Economia, mostra que, no último ano, todos os órgãos do executivo pagaram, juntos, mais de R$ 1,8 bilhão em alimentos – um aumento de 20% em relação a 2019. Para a reportagem, foram considerados apenas os itens que somaram mais de R$ 1 milhão pagos.

Além do tradicional arroz, feijão, carne, batata frita e salada, no “carrinho” estiveram incluídos biscoitos, sorvete, massa de pastel, leite condensado – que associado ao pão forma uma das comidas favoritas do presidente – , geleia de mocotó, picolé, pão de queijo, pizza, vinho, bombom, chantilly, sagu e até chiclete.

Os valores chamam a atenção. Só em goma de mascar, foram R$ 2.203.681, 89 aos cofres públicos. Sem contar a compra de molho shoyo, molho inglês e molho de pimenta que, juntos, somam mais de R$ 14 milhões do montante pago. Pizza e refrigerante também fizeram parte do cardápio do ano. Débito de R$ 32,7 milhões dos cofres da União.

Para ver todos os itens e seus valores clique AQUI.

Fonte: Metrópolis

segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

Planos de internet banda larga podem ficar mais caros no Brasil; entenda

Na sexta-feira (22), um grupo formado por nove entidades dos setores de telecomunicações e internet afirmou que os serviços de internet banda larga no Brasil podem ficar mais caros em breve. A declaração está em um manifesto das entidades contra uma ação da Procuradoria-Geral da República, que quer suspender a gratuidade do direito de passagem, estabelecido pela Lei das Antenas.

Na sexta-feira (22), um grupo formado por nove entidades dos setores de telecomunicações e internet afirmou que os serviços de internet banda larga no Brasil podem ficar mais caros em breve. A declaração está em um manifesto das entidades contra uma ação da Procuradoria-Geral da República, que quer suspender a gratuidade do direito de passagem, estabelecido pela Lei das Antenas.

Em vigor desde 2015, a Lei das Antenas isenta as operadoras de pagarem taxas para instalação de infraestrutura em obras públicas. O fim dessa gratuidade vai significar mais gastos para as operadores e, consequentemente, um aumento no preço cobrado pelos planos de internet do Brasil — afinal, seria preciso cobrir esse custo.

A revogação da lei tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) e o julgamento da ação está agendado para 10 de fevereiro. O manifesto, no entanto, explicita o descontentamento do setor com a possível descontinuidade do direito de passagem gratuito.

Risco de retrocesso

Ainda segundo o manifesto, o fim da Lei das Antenas pode trazer riscos de estagnação e retrocesso. Isso porque, além do aumento no preço dos serviços de internet banda larga no Brasil, a ampliação das infraestruturas de telecomunicações fica comprometida, o que afeta principalmente “regiões carentes, vulneráveis e afastadas”.

“A cobrança do direito de passagem vai na contramão da política nacional de telecomunicações, pois encarece a oferta e dificulta o acesso, especialmente em regiões de perfil de renda mais reduzido”, aponta um estudo mencionado no comunicado assinado por Conexis Brasil Digital, Abrint, Abrintel, Associação Neo, ConTIC, Febratel, Fenainfo, Feninfra e Telcomp.

Na prática, pode haver uma redução no volume de investimentos e prejuízo ao desenvolvimento de novas tecnologias — como 5G e internet das coisas (IoT). O comunicado reitera, ainda, a importância de “estabilidade e segurança jurídica para a continuidade dos investimentos necessários à expansão e operação segura das redes de telecomunicações, à inclusão digital e ao desenvolvimento socioeconômico do Brasil”.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

Após 25 dias, o que se sabe sobre o desaparecimento de 3 meninos no Rio de Janeiro

O desaparecimento de três meninos de Belford Roxo, cidade de 500 mil habitantes na Baixada Fluminense, continua sem solução 25 dias após o sumiço dos garotos.

Os meninos teriam saído por volta das 10h30 para brincar juntos em um campo de futebol perto do condomínio onde eles vivem, mas nunca retornaram para casa. A demora na resolução do caso pela polícia levou moradores e familiares a realizarem protestos cobrando respostas

Lucas Matheus, de 8 anos, o primo dele Alexandre da Silva, 10, e Fernando Henrique, 11, foram vistos pela última vez no dia 27 de dezembro do ano passado, no Morro do Castelar, em Belford Roxo.

Os meninos teriam saído por volta das 10h30 para brincar juntos em um campo de futebol perto do condomínio onde eles vivem, mas nunca retornaram para casa. A demora na resolução do caso pela polícia levou moradores e familiares a realizarem protestos cobrando respostas.

A Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense investiga o caso. Em nota à BBC News Brasil, a Polícia Civil do Rio de Janeiro afirmou que agentes “continuam a realizar diligências em busca de informações que ajudem a localizar as crianças e esclarecer o caso”.

Quase um mês depois, o caso tem mais perguntas do que respostas. Nos dias seguintes, familiares receberam uma série de pistas falsas sobre o sumiço — até agora nenhuma informação levou ao paradeiro dos garotos.

Uma das dicas relatava que as crianças foram vistas comprando comida para passarinhos na Feira de Areia Branca, em uma praça de Belford Roxo, mas a polícia afirma que não há confirmação de que isso tenha ocorrido.

Em entrevista ao jornal O Globo, Silvia Regina da Silva, avó de Lucas e Alexandre, contou que recebeu outra informação: “[…] Veio a história de que o Fernando Henrique foi roubar um passarinho e o mataram a pauladas. Lucas e Alexandre teriam corrido e levado tiros pelas costas. Em seguida, jogaram os corpos num rio. Passo tudo para o delegado”, afirmou Silvia ao jornal carioca.

Outra história investigada informava que os garotos teriam sido vistos em São João de Meriti, outro município da Baixada Fluminense, dias depois do sumiço. Buscas foram feitas na região, mas os meninos não foram encontrados, segundo a polícia.

Suspeitas

No dia 11 de janeiro, moradores do Morro do Castelar levaram um homem à delegacia de homicídios, acusando-o de envolvimento com o desaparecimento. Ele mora no mesmo condomínio dos garotos.
Na delegacia, o homem afirmou que havia sido torturado por moradores da região para confessar o crime, e negou ter qualquer relação com o caso.

Depois, a polícia afirmou que não há indícios de que o rapaz esteja envolvido. Porém, o homem permaneceu preso, pois em seu celular foi encontrado material com pornografia infantil.
No último dia 14, a Polícia Civil informou que investigava a participação de traficantes de drogas do Morro do Castelar no desaparecimento dos meninos.

Para Allan Turnowski, secretário da Polícia Civil, os indícios viriam do fato de que “traficantes torturaram” o homem que havia sido preso três dias antes para que ele confessasse envolvimento com o sumiço.

Segundo ele, esse fato e também a queima de um ônibus a poucos metros da delegacia de homicídios “fizeram a polícia acreditar” que traficantes têm relação com o desaparecimento das crianças.
“Após a descoberta de que traficantes sequestraram um homem, amarraram e apresentaram para as famílias dos garotos desaparecidos como sendo o responsável pelo desaparecimento das crianças, assim como o fato de a manifestação com um ônibus queimado ter tido incitação de pessoas ligadas ao tráfico de drogas, a Polícia Civil colocou como principal linha de investigação a participação de traficantes no desaparecimento dos meninos”, disse Turnowski ao jornal Extra no último dia 14.

Na manhã desta quarta-feira (20/01), a Polícia Civil enviou uma nota à BBC News Brasil sobre o caso.
Informou que policiais vão colher “material genético das mães dos meninos”. A ideia é checar se o DNA delas é compatível com roupas encontradas na casa do homem apontado por moradores como suspeito — o mesmo homem que disse ter sido torturado para confessar o crime.

O governador em exercício do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PSC), falou sobre o caso no último dia 6, quando anunciou um reforço na equipe que investiga o sumiço. “Como pai, imagino o quão difícil é este momento. Fiquem atentos às crianças na rua. Ajude-nos a localizar Lucas, Alexandre e Fernando”, disse Castro, na ocasião.

Fonte:Geledes

quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

De quatro, Bolsonaro manda carta a Biden citando a ONU e prometendo cuidar da Amazônia e do clima


Pense numa carta constrangedora de um sabujo para o novo chefe.

Agora imagine-a escrita por um analfabeto funcional. Eis o que Jair Bolsonaro perpetrou.

Depois da demora para aceitar a vitória de Joe Biden sobre seu ídolo Trump nos EUA, Bolsonaro resolveu cumprimentar o novo presidente dos EUA hoje mesmo, dia da posse.
Mandou-lhe uma carta inacreditável, mesmo para seus padrões de delinquencia mental e moral.

Meio ambiente, ONU, espaços multilaterais, democracia. A mudança de tom é drástica e mais falsa que as unhas de Lady Gaga.

“Sou de longa data admirador dos Estados Unidos e, desde que assumi, passei a corrigir equívocos de governos brasileiros anteriores, que afastaram o Brasil dos EUA”, escreve.
Aproveita para avisar que está disposto a cuidar de um “desenvolvimento sustentável” e de proteger a Amazônia.

Ora.

Ele sabe que Biden vai lhe cobrar que tome medidas no sentido de interromper o ciclo de desmatamento brutal iniciado por Ricardo Salles.
Bolsonaro deixou o país de joelhos com a dependência de China e Índia para a vacina.
Com a “América”, segue na posição de sempre: de quatro. Apenas troca Trump pelo velho Joe.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

Há pessoas literalmente morrendo sufocadas em casa, diz especialista no Amazonas

O total de mortos em residências passou de 3.201 pessoas, em 2019, para 4.418 no ano passado. O local da morte é sinal da incapacidade do sistema hospitalar de internar, intubar e tratar os pacientes com Covid-19 , de acordo com o pesquisador e epidemiologista Jesem Orellana, da Fiocruz/Amazônia. E o colapso já se repete em 2021, de acordo com o especialista, com um crescimento anormal de mortes em domicílio nas duas primeiras semanas de janeiro em Manaus.

O número de pessoas mortas em domicílios aumentou 38% no Amazonas no ano passado, durante a pandemia do novo coronavírus, em comparação com 2019. É o que aponta um levantamento inédito da Arpen-Brasil (Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais do Brasil).

O total de mortos em residências passou de 3.201 pessoas, em 2019, para 4.418 no ano passado. O local da morte é sinal da incapacidade do sistema hospitalar de internar, intubar e tratar os pacientes com Covid-19 , de acordo com o pesquisador e epidemiologista Jesem Orellana, da Fiocruz/Amazônia. E o colapso já se repete em 2021, de acordo com o especialista, com um crescimento anormal de mortes em domicílio nas duas primeiras semanas de janeiro em Manaus.

Levantamento da rede pública de saúde citado pelo pesquisador mostra que nos dez primeiros dias de dezembro de 2020 morreram 64 pessoas em domicílios em Manaus. Nos dez primeiros dias de janeiro, porém, o número saltou para 137 – aumento de 114%. No primeiro dia de 2021 morreram onze pessoas em residências. O número passou para 15 no dia 8, 14 no dia 9 e 27 no dia 10 de janeiro.

“Há pessoas literalmente morrendo sufocadas em suas casas”, disse o especialista. “São centenas de pacientes em fila para internação em leito clínico e de UTI [Unidade de Terapia Intensiva]. Na terça-feira recebi dois chamados desesperados de conhecidos pedindo alguma dica para internar parentes deles em Manaus. É o colapso. Um parente meu, com 80% de saturação, estava praticamente sem respirar. E não tem a menor possibilidade de internar em leito. Estou revivendo o que assisti em abril de 2020. É simplesmente uma repetição, mas em uma escala maior”, disse Orellana.

De acordo com o pesquisador, estão lotados os 465 leitos de UTI para casos confirmados de Covid-19 e 80 leitos para casos suspeitos, enquanto há “centenas” de pessoas aguardando a internação. Na comparação com setembro do ano passado, a ocupação de leitos clínicos por pacientes com síndrome respiratória aguda grave por Covid-19 aumentou 636%.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

Startup planeja licenciar tecnologia de energia solar para carros elétricos

Funcionando em conjunto, as células solares são capazes de armazenar energia extra no sistema de baterias dos carros elétricos. Os painéis, que funcionam tanto com o veículo em movimento como estacionado, podem adicionar cerca de 35 km de autonomia por dia no Sion.

A startup alemã Sono Motors declarou na terça-feira (12), durante a CES 2021, que planeja licenciar sua tecnologia de painéis solares para carros elétricos para outras companhias da indústria automotiva.

A EasyMile, responsável por disponibilizar ônibus elétricos e autônomos para o governo, universidades e outras empresas, será a primeira a integrar a novidade nos seus veículos. O anúncio foi feito pelo CEO da Sono Motors, Laurin Hahn, após revelar a “próxima geração de veículos elétricos e movidos a energia solar” da montadora, o Sion.

De longe, o Sion se parece com um veículo compacto tradicional. No entanto, olhando com atenção, é possível perceber que toda a parte externa do veículo é composta por centenas de células de energia solar cobertas por uma camada de polímeros protetores.

Segundo Arun Ramakrishnan, gerente sênior de integração solar na Sono Motors, o uso de polímeros no lugar de vidro faz com que os painéis solares sejam mais leves, robustos, mais baratos e mais eficientes do que “qualquer outra tecnologia disponível no mercado atualmente”. Ramakrishnan destaca que esse tipo de célula de energia solar pode ser integrada em quase todos os objetos.

Painéis solares em carros elétricos

Funcionando em conjunto, as células solares são capazes de armazenar energia extra no sistema de baterias dos carros elétricos. Os painéis, que funcionam tanto com o veículo em movimento como estacionado, podem adicionar cerca de 35 km de autonomia por dia no Sion.

Durante sua apresentação na CES 2021, a Sono Motors ainda demonstrou um caminhão adaptado com painéis solares, em um protótipo pode gerar energia equivalente a 80 kWh por dia.

A tecnologia também pode ser utilizada em veículos convencionais para refrigeração de cargas e outras finalidades. O CEO da Sono Motors destaca que o uso da energia solar pode fazer com que os veículos elétricos fiquem mais tempo longe da tomada e menos dependentes de infraestrutura adequada para recarga.

terça-feira, 12 de janeiro de 2021

Informais são mais de 60% no mundo. O que houve com o trabalho?

Para especialistas, empresas venceram debate e impuseram flexibilização. Mas a realidade dos trabalhadores bate à porta.


É fácil ver que algo mudou a nossa volta. Quantas pessoas você conhecia que trabalhavam sob o regime celetista há cinco anos? E agora? O trabalho por conta própria ou sem vínculo formal cresceu exponencialmente nos últimos anos e não foi apenas no Brasil. Segundo dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT) divulgados em 2018, o mercado informal abarcava dois bilhões de pessoas à época, o equivalente a 61,2% da população empregada em todo o mundo.

Aquele ano foi o primeiro em que a OIT captou esse número em escala global, incluindo pessoas que costumam ficar à margem das estatísticas. Organismos multilaterais como a própria OIT, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) defendem que é preciso identificar esse contingente e criar um novo pacto social de proteção, levando em conta as mudanças profundas no mundo do trabalho.

No Brasil, como ocorre em cada país, a mudança teve pontos de semelhança com o fenômeno global mas também cores próprias. Veio na esteira do impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff (PT), que era pressionada a implementar um programa econômico de austeridade, com corte de gastos públicos e reforma da Previdência, e a flexibilizar a legislação trabalhista.

Dilma até tentou agradar ao mercado, nomeando Joaquim Levy para o então Ministério da Fazenda. Mas eram pautas difíceis de fazer avançar em um governo de esquerda. A solução encontrada pela elite do país foi instrumentalizar a operação Lava Jato e o anseio popular por melhorias nas condições de vida até obter o impeachment. Para ficar só na questão do trabalho, a flexibilização de trechos da CLT veio em seguida, com a reforma trabalhista de Michel Temer em 2017.

A essa altura, já se consolidava no país a presença das gigantes do capitalismo do século XXI: Uber, Rappi, Netflix. Também já estavam presentes modalidades de trabalho que, à época, ainda causavam estranhamento. Teletrabalho. Trabalho remoto. Trabalho intermitente. Home office.

O sociólogo Clemente Ganz Lúcio, consultor do Fórum das Centrais Sindicais, lembra que a flexibilização trabalhista chegou com certo atraso ao Brasil. “Desde 2008, mais de 130 países fizeram reformas trabalhistas semelhantes à que o Brasil fez em 2017. O Brasil não é um ponto fora da curva. As empresas perceberam que estavam em ambiente de altíssima competição, de inovação em velocidade absurda e precisariam de flexibilidade para movimentar sua força de trabalho”, diz.

O sociólogo ressalta, ainda, que os efeitos da crise financeira de 2008, que começou nos Estados Unidos mas teve impacto global, também contribuíram para o cenário. Trabalhar com menos direitos e um salário menor assusta menos que o desemprego.

Jogo político

Na avaliação de Clemente, o saldo de todo esse movimento é que as empresas saíram vencedoras das primeiras batalhas. “As empresas ganharam no curto prazo esse debate. Têm conseguido flexibilizar mundo afora, alegando que isso geraria emprego. Não quer dizer que vai ser o resto da vida assim”, opina.

O economista Fernando de Aquino, coordenador da Comissão de Política Econômica do Conselho Federal de Economia (Cofecon) concorda que os defensores da flexibilização acabaram vencendo o jogo político. Segundo ele, “politicamente” tornou-se difícil exigir que vínculos como o do motorista do Uber sejam convertidos em celetistas. Para Aquino, no entanto, permanece a realidade das necessidades desse trabalhador, que a nova dinâmica do mercado não consegue atender.

“São pessoas que também têm suas necessidades de férias, licença médica, poupança e ficam sem acesso a esse tipo de benefício. A gente tem que pensar uma forma de financiar benefícios semelhantes aos celetistas para esse trabalhador”, afirma. O economista destaca ainda que, embora entre esses trabalhadores “flexibilizados” haja categorias de autônomos com salários elevados, a maioria tem remuneração muito baixa.

“Eles nos comparam com países como os Estados Unidos, que não têm todos esses encargos [trabalhistas], só que os salários que os norte-americanos ganham são melhores, a moeda é mais forte. [No Brasil] são salários muito baixos. O problema é que ganham igual ou menos do que os caras que estão na CLT, mas sem os benefícios”, destaca.

 
Uma outra economia

O sociólogo Clemente Ganz Lúcio acredita que é possível aumentar a proteção para autônomos e informais usando instrumentos já existentes nas leis brasileiras. Um dos mecanismos disponíveis, por exemplo, é a figura jurídica do Microempreendedor Individual (MEI), que faz um recolhimento simbólico de impostos (cerca de R$ 57) e tem acesso a benefícios como aposentadoria, auxílio doença saúde e licença maternidade, sempre no valor de um salário mínimo.

“Já existem mecanismos, que deveriam passar por alterações conforme o tipo de trabalho. Micro seguros, micro proteções que possam se multiplicar. Precisaria ter um trabalho de esclarecimento, de fiscalização da prestação de serviços, junto com responsabilidade dos contratantes e também convencimento da contribuição previdenciária”, defende.
Segundo ele, bastariam medidas simples, como o pagamento da taxa junto com o serviço. “Quando você compra uma pizza, já paga o seguro da moto [do entregador]”, exemplifica. No entanto, para o sociólogo, é preciso lutar no campo da política também para que esses trabalhadores compreendam seus direitos. Mais do que isso: mostrar a eles a necessidade de uma outra economia.

“Não é possível ter um modelo onde as empresas tenham total liberdade visando um acentuado processo de concentração de renda. É preciso repartir os resultados do incremento de produtividade Vamos produzir mais, com uma tríplice dimensão: gerar ocupação para todos, reduzir a jornada de trabalho e considerar o equilíbrio ambiental. Imaginar uma outra lógica econômica, uma economia de interesse social para uma repartição da riqueza gerada”, conclui.

Fonte: Vermelho

segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

Ford anuncia fechamento das 3 fábricas da empresa no Brasil


A Ford anunciou nesta segunda-feira (11) que encerrará a produção de veículos em suas fábricas no Brasil em 2021. No país, serão mantidos apenas o Centro de Desenvolvimento de Produto, na Bahia, e o Campo de Provas e sua sede regional, ambos em São Paulo. As fábricas de Camaçari (BA), que produzia Ka e EcoSport, e Taubaté (SP), que fabrica motores e transmissões, serão fechadas imediatamente, reduzindo a produção às peças para estoques de pós-venda.


No último trimestre de 2021, será fechada também a planta da Troller, em Horizonte (CE). A empresa afirma que irá trabalhar em colaboração com os sindicatos para “minimizar os impactos do encerramento da produção”. Com a decisão, os modelos nacionais terão suas vendas interrompidas assim que terminarem os estoques.


A partir disso, os veículos comercializados no mercado brasileiro passarão a ser importados, principalmente das unidades de Argentina e Uruguai, além de outras regiões fora da América do Sul. Entre os próximos modelos já confirmados pela Ford, estão os novos Transit, Ranger, Bronco e Mustang Mach1.


“A Ford está presente há mais de um século na América do Sul e no Brasil e sabemos que essas são ações muito difíceis, mas necessárias, para a criação de um negócio saudável e sustentável”, disse Jim Farley, presidente e CEO da Ford. “Estamos mudando para um modelo de negócios ágil e enxuto ao encerrar a produção no Brasil, atendendo nossos consumidores com alguns dos produtos mais empolgantes do nosso portfólio global”, completou.

(…)

PS do DCM: Em 2020 a Ford completou 101 anos de operações no Brasil.
Fonte: Diário do Centro do Mundo

quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

Promotoria não denunciará policial que atirou contra homem negro em Wisconsin

Jacob Blake foi atingido por quatro tiros a queima-roupa e ficou paralisado da cintura para baixo

A promotoria de Kenosha, no estado americano de Wisconsin, anunciou que não denunciará o policial branco que atirou nas costas do homem negro Jacob Blake, 29, em agosto passado, um episódio que desencadeou grandes protestos de rua e inflamou as tensões raciais nos Estados Unidos.

A promotoria de Kenosha, no estado americano de Wisconsin, anunciou que não denunciará o policial branco que atirou nas costas do homem negro Jacob Blake, 29, em agosto passado, um episódio que desencadeou grandes protestos de rua e inflamou as tensões raciais nos Estados Unidos.

Um vídeo do caso, gravado em um celular, mostra o agente Rusten Sheskey atirar a queima-roupa nas costas de Blake sete vezes após a vítima abrir a porta de seu carro. Ele foi atingido quatro vezes e ficou paralisado da cintura para baixo.

As autoridades afirmam que havia uma faca dentro do carro de Blake. O promotor distrital do condado de Kenosha, Michael Graveley, argumentou que o policial tinha direito à legítima defesa.

O advogado de Blake, Ben Crump, disse que ele estava tentando interromper uma briga entre duas mulheres quando foi baleado na frente de três de seus filhos, de 3, 5 e 8 anos.
No auge dos protestos que se seguiram em Kenosha devido ao incidente, o jovem Kyle Rittenhouse abriu fogo com um rifle, matando dois homens e ferindo outro. Agora com 18 anos, ele responde por homicídio em primeiro grau, semelhante a homicídio doloso no Brasil.
Mais cedo nesta terça-feira, Rittenhouse se declarou inocente de todas as acusações em uma aparição por vídeo no Tribunal do Condado de Kenosha. Seus advogados alegam que ele agiu em legítima defesa. Ele foi solto sob fiança de R$ 10,8 milhões no fim de novembro passado.

A decisão de não processar o oficial por nenhum crime pode incitar mais manifestações. Nos últimos anos, milhares de americanos saíram às ruas para protestar contra a violência policial que atinge desproporcionalmente negros e contra a impunidade dos agentes envolvidos, geralmente brancos.

A onda de protestos de 2020 foi desencadeada pelo assassinato, em 25 de maio, de George Floyd, um homem negro, em Minneapolis. Floyd foi sufocado por um policial branco que se ajoelhou sobre o pescoço da vítima por quase nove minutos.

Floyd foi lembrado em manifestações na África, na Ásia, na Europa e no Brasil. Incidentes ocorridos ao longo daquele ano nos EUA, como o de Blake, alimentaram novas manifestações. Segundo levantamento do New York Times, ao menos 2.000 cidades americanas foram palco de protestos antirracismo em 2020.

Fonte: Geledes

quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

Instigados por Trump, vândalos invadem o Capitólio em Washington

Ele disse nesta quarta (6) a uma multidão de apoiadores em Washington que não vai aceitar a vitória de Joe Biden nas eleições presidenciais de novembro. A manifestação ocorre momentos antes da sessão no Congresso americano que deve certificar a vitória do democrata.

Donald Trump está tentando dar um golpe nos Estados Unidos para não deixar de ser presidente.

Ele disse nesta quarta (6) a uma multidão de apoiadores em Washington que não vai aceitar a vitória de Joe Biden nas eleições presidenciais de novembro. A manifestação ocorre momentos antes da sessão no Congresso americano que deve certificar a vitória do democrata.

Um grupo de apoiadores do presidente invadiu o Capitólio, sede do Congresso americano em Washington, durante a contagem oficial dos votos do Colégio Eleitoral para as eleições presidenciais. A invasão ocorreu enquanto Câmara e Senado debatiam se acatavam ou não uma objeção aos resultados do Arizona, reduto republicano vencido por Joe Biden na eleição de novembro. 

Um toque de recolher foi decretado pela prefeita de Washington, DC, Muriel Bowser a partir das 18h, válido até as 18h de amanhã. 

Fonte: Diário do Centro do Mundo 

terça-feira, 5 de janeiro de 2021

Motorista flagra mão para fora de porta-malas de carro e mulher escapa de assassinato

Uma motorista flagrou um crime, na tarde desta terça-feira (5), no momento em que a ação ocorria. Ele viu a mão de uma mulher para fora do porta-malas de um carro em movimento e acionou as autoridades. A vítima em questão foi agredida e mantida refém por criminosos em Fortaleza, Ceará. Informações iniciais dão conta de que ela seria executada.

Uma motorista flagrou um crime, na tarde desta terça-feira (5), no momento em que a ação ocorria. Ele viu a mão de uma mulher para fora do porta-malas de um carro em movimento e acionou as autoridades. A vítima em questão foi agredida e mantida refém por criminosos em Fortaleza, Ceará. Informações iniciais dão conta de que ela seria executada.

Segundo o G1, a condutora do carro que estava logo atrás do veículo em que a vítima foi mantida presa chamou a Polícia Militar. Em seguida, guardas municipais da cidade abordaram os suspeitos e conseguiram detê-los.

Execução

Segundo a polícia, a jovem seria levada para alguma região do bairro Bela Vista, onde seria executada. A vítima foi resgatada com várias lesões nas costas e em outras partes do corpo, mas sem ferimentos graves.

Três pessoas foram presas e um adolescente detido, suspeitos de envolvimento no crime e ainda não se sabe o que motivou o crime. Todos foram levados para a Delegacia da Criança e do Adolescente. Uma arma e munição foram localizadas dentro do carro usado pelos criminosos.

Fonte: Portal BHAZ

Quem são os envolvidos no espancamento da arquiteta Sheila Richa em Angra

"Se ninguém tivesse conseguido separar, eu não estaria viva. Ainda não consigo dormir". Arquiteta de 30 anos foi agredida por dois homens dentro de uma lancha em Angra dos Reis (RJ). Agressores já foram identificados, mas seguem em liberdade

A Polícia Civil do Rio de Janeiro investiga uma agressão sofrida pela arquiteta Sheila Richa, de 30 anos, durante uma discussão dentro de uma lancha em Angra dos Reis. O caso aconteceu no primeiro dia do ano e, segundo o boletim de ocorrência registrado pela vítima na 166ª DP, ela foi agredida com socos e pontapés por dois homens.
Além de Sheila, seu marido, Lucas Castro, e sua irmã, Rachel Richa, também foram agredidos pelo mesmo trio ao tentarem interromper a confusão, segundo o relato da vítima. A briga teria iniciado após uma provocação da namorada de um dos dois agressores, que estava em outra lancha.

A Polícia Civil do Rio de Janeiro investiga uma agressão sofrida pela arquiteta Sheila Richa, de 30 anos, durante uma discussão dentro de uma lancha em Angra dos Reis. O caso aconteceu no primeiro dia do ano e, segundo o boletim de ocorrência registrado pela vítima na 166ª DP, ela foi agredida com socos e pontapés por dois homens.
Além de Sheila, seu marido, Lucas Castro, e sua irmã, Rachel Richa, também foram agredidos pelo mesmo trio ao tentarem interromper a confusão, segundo o relato da vítima. A briga teria iniciado após uma provocação da namorada de um dos dois agressores, que estava em outra lancha.

Sheila não gostou da provocação e retrucou verbalmente. Em seguida, o namorado da mulher teria atirado um copo contra a arquiteta e depois partido para a agressão com os outros dois suspeitos. Segundo o registro, dois dos agressores seriam irmãos.

“Desde o início do dia, a menina estava de risadinha e provocação, e aquilo me incomodou. Fui tirar satisfação, houve uma breve discussão e deixei para lá. O namorado dela veio para próximo da minha lancha e iniciou as agressões físicas e verbais, quando jogou um copo de bebida em mim. Eu não me recordo como fui parar na lancha deles. Só lembro de estar caída no chão, com os dois irmãos me batendo. Foi um momento de terror. Jamais esperava passar por isso na minha vida. Ainda mais desse tipo, dessa forma covarde quando não apenas um, mas dois homens me agrediram”, disse Sheila.

 
A vítima teve o nariz e um dente quebrados e pode ter um pequeno traumatismo craniano — um exame foi realizado para determinar o problema —, além de outros machucados pelo rosto e pelo corpo.

“Havia ainda uma terceira pessoa. Esse terceiro homem, quando meu esposo foi me socorrer foi agredido por ele, mas não posso afirmar se ele também me agrediu”, disse Sheila.
“Estou tomando remédios, com médicos e dentistas marcados para realizar os procedimentos. Eu ainda não consegui dormir, não consigo”, revela.

Vilson Almeida, delegado titular da distrital, afirma que as vítimas foram ouvidas e encaminhadas ao Instituto Médico Legal (IML). Os investigadores vão ouvir os agressores, já identificados pelos agentes, e as testemunhas que estavam presentes na confusão.

 
Nas redes sociais, a arquiteta compartilhou imagens que mostram hematomas no seu rosto, com um pedido de justiça. “Acho que se ninguém tivesse conseguido separar, eu acredito que não estaria viva. Só quero Justiça”, desabafou.

Os agressores

O nome da mulher que discutiu com a arquiteta é Jessica Flores. Um dos agressores é Renato Bastos, namorado dela. Rafael Bastos, irmão de Renato, é o outro homem que agrediu Sheila fisicamente.

Ainda esperados para serem ouvidos na delegacia, os irmãos Renato e Rafael Bastos usaram as redes sociais para dar a versão deles dos fatos. Eles disseram que conhecem Sheila Richa e que a arquiteta teria começado a briga com Jessica.

Segundo a versão dos agressores, a vítima teria pegado uma cerveja e jogado o conteúdo neles, além de ter chamado a mulher de “piranha”. Renato diz que encheu um copo com água e jogou contra a arquiteta. Um bate-boca se instalou, e ele disse que Sheila entrou na lancha deles. Os agressores contam que apenas “revidaram”, porque foram atacados fisicamente pela arquiteta.

O WhatsApp que salva da morte em Rio Branco

EL PAÍS acompanha na capital do Acre o trabalho da Equipe 91, formada por ex-criminosos agora pastores. Eles administram conflitos com facções e dão salvo-conduto para que integrantes deixem a vida fora da lei, desde que se tornem evangélicos. Presídio do Estado inaugura ala religiosa “livre” de grupos

“Seria uma falta gravíssima usar a religião para escapar de uma traição que você já fez ao crime. Aí seria uma dupla traição”, diz Karina Biondi, professora da Universidade do Maranhão e autora do livro Junto e Misturado: Uma Etnografia do PCC (Editora Terceiro Nome). A antropóloga diz que há razões para que a religião seja respeitada pelos criminosos. “Perante Deus se estabelece uma relação de igualdade, como pecadores, e não como presos e libertos em referência ao sistema jurídico. Eles respeitam tanto a religião que eles abrem essa exceção de poder converter uma pessoa que, em outras circunstâncias, teria sido morta”, observa Biondi.

Uma cortina improvisada substitui o vidro da porta em uma sala apertada e quente no centro de Rio Branco. Na casa vigiada por câmeras, o pastor Conrrado Sena senta-se na frente do conselheiro do Comando Vermelho, um dos articuladores da facção criminosa carioca que domina a capital do Acre. Em tom baixo e respeitoso, o pastor clama pelo perdão a um sentenciado à morte pelo tribunal do crime. É a última apelação para que o “decretado” tenha chance de viver. Enquanto Conrrado fala, o conselheiro do CV olha o telefone e responde a mensagens, fumando um cigarro. Ouve tudo em silêncio, esperando sua vez de falar sobre as mais recentes deliberações de sua gestão de conflitos. Tudo ali, relata o capo do CV, é prontamente investigado, avaliado e julgado em questões de horas, e por isso ele reclama da quantidade de problemas em que precisa intervir ―até incômodos menores, como música alta nas bocas de fumo, são de sua responsabilidade. Desta vez, para sorte de Paulino (nome fictício), houve clemência. O conselheiro da facção decidiu que o pequeno traficante de drogas da periferia será salvo.

Seis homens de pé e com os olhos fechados, levantam as mãos espalmadas para o alto. Liderados pelo pastor Conrrado, entoam cânticos religiosos e clamam pela vida de criminosos e pela graça alcançada de Paulino. Chega ao fim mais uma audiência da Equipe 91.

É uma rotina a que estão acostumados. Desde 2012, a Equipe 91 ―assim batizada por causa do salmo bíblico de mesmo número segundo o qual se livrarão da “peste perniciosa” os que estão ao lado do Senhor― cumpre a função de interceder por aqueles que prometem deixar o crime e abraçar Jesus Cristo. Evangélicos sem ligação com nenhuma igreja específica, os membros da equipe são ex-presidiários, ex-ladrões, ex-traficantes e homicidas que deixaram o crime e abraçaram a palavra de Deus. Cerca de 70 integrantes desenvolvem trabalhos de conversão em presídios, fóruns, igrejas, bairros, casas e onde mais puderem pregar, tudo de maneira precária com base em doações. O grupo estima que já tenha livrado da morte mais de mil pessoas, quer em audiências especiais improvisadas, como a que o EL PAÍS acompanhou em meados de agosto, ou virtuais. Nelas, a intervenção é feita sob medida e gravada pelo WhatsApp, e o vídeo enviado ao comando das facções serve como prova da mudança de vida.

Os pastores têm experiência precoce no mundo do crime. Conhecem todos os códigos do submundo violento do extremo norte do país. Com acesso às mais altas instâncias do tribunal da rua, debatem os problemas de quem tem a vida sujeita às leis das organizações criminosas. Uma vez parte, a porta de saída quase sempre é a da morte. Mas há uma regra clara: não se mata irmão “da caminhada de Jesus”, e é na brecha que a Equipe 91 entra. No dias em que a reportagem acompanhou o trabalho dos pastores, os telefones dos salvadores de almas acrianos não pararam de tocar noite a de. Pedidos de socorro, súplicas de ajuda para se inserir numa sociedade que não seja a do crime, mas pelo caminho “da bênção”, o termo para a conversão. Trata-se de um complexo esquema de sanções distintas por crimes distintos e anistia paralelas que só toca no sistema formal pelas arestas.

Na escuridão da periferia de Rio Branco, é o pastor Conrrado Sena, de 47 anos, quem conduz seu destacamento. Por telefone, recebe as coordenadas e repassa a todos. Juntos, vão decidindo o melhor caminho a ser percorrido, de carro. Há noites que chegam a visitar quatro destinos diferentes, com reuniões estendidas pela madrugada.

Era o início da noite de uma terça-feira, quando o telefone do pastor tocou. Era o conselheiro do CV retornando mais uma vez uma ligação. O grupo se encontra agora em uma clínica de reabilitação para dependentes de drogas nas redondezas de Rio Branco. O pastor explica que estão diante de um rapaz que, dias antes, fora resgatado após ser sentenciado à morte pelo tribunal do crime por cometer um estupro em seu bairro. A equipe o levou para a clínica.
Na presença dos envolvidos, a Equipe 91 instala a audiência. A conversa com os responsáveis pela sentença é por viva-voz:
― O jovem lá do negócio do estupro? — pergunta o conselheiro do Comando Vermelho.
― Isso, tá todo mundo te ouvindo… E aí, como é que tá a situação dele?
― Aqui [no bairro onde cometeu o estupro], ele não pode ficar. Se ele ficar aqui, aqui já era. Já foi decretado pra ele, já.
— Hummm... De todo jeito, então?
— Aqui? Deus me livre! Daquele jeito, da pior maneira.
— Tá bom, meu filho...

O missionário da Equipe 91 desliga o telefone, se dirige ao condenado: “Isso aqui é teu refúgio, pra tua vida ser transformada, pra tu viver e ganhar outras vidas. Jesus é quem salva, mas um lugar desse aqui protege”, diz Regimar Souza do Nascimento, de 46, um ex-veterano da velha guarda do crime de Rio Branco que está no grupo religioso. Com semblante resiliente, o sentenciado Maurício (nome fictício) se senta e ouve calado o sermão dos pastores. A partir de agora, ele será poupado, desde que aceite o Evangelho ―e não volte à comunidade onde cometeu o estupro.

Transformação no Acre e pavilhão evangélico

Um dos artífices da iniciativa de “salvamento de almas” em Rio Branco, o pastor Conrrado é protagonista e testemunha de uma transformação sem precedentes no mundo do crime do norte do país. Foi um dos criminosos célebres do Acre, um assaltante de banco conhecido em todo o Brasil, e cuja prisão inaugurou o presídio federal de Mato Grosso do Sul, em 2007. Ficou uma década preso. Reunido com a elite criminosa do país, acompanhou, durante os banhos de sol, a integração do Acre com as facções do Sudeste.

“Não era o dinheiro, era a adrenalina. Quando começava o tiroteio, eu lembro dos vidros começando a quebrar. E a gritaria de mulher, aquilo era som para meus ouvidos. Eu gostava daquilo, eu sorria”, lembra ele, sobre a vida no crime. “Eu deixava meus companheiros tudinho com medo. Eu saía por último. E a mala aqui [pressiona a mão na cintura] não deixava ninguém pegar. Hoje eu passo pelo banco e não sinto mais nada. Hoje temos algo muito melhor, que é Jesus.”

Mais de uma década depois, Conrrado viu o Estado de 894.000 habitantes, o terceiro menos populoso do país, se tornar um ponto nevrálgico. A região é disputada pelas facções criminosas mais articuladas pela posição estratégica no corredor logístico para o escoamento de drogas ao Brasil e ao exterior. O Estado faz fronteira ao sul e a oeste com Peru e, a sudeste, com a Bolívia, dois dos maiores produtores de cocaína do mundo. No princípio, a expansão das facções ―via cadastramento de integrantes, o chamado batismo― aconteceu sem maiores conflitos. Com o tempo, rusgas apareceram, e facções locais foram criadas em resistência às regras dos forasteiros, especialmente os cariocas do Comando Vermelho e os paulistas do PCC, estes últimos com cada vez mais pretensões hegemônicas.

Até 2015, o Estado negava a existência e influência dessas organizações criminosas, mas em outubro daquele ano o Acre viveria seu primeiro episódio de ataques orquestrados por facções. Foi quase uma semana de queima de ônibus e prédios públicos. A guerra do crime pelo domínio territorial chegou ao ápice em 2017, com mais de 400 inquéritos de homicídios instaurados, quando o Estado registrou uma taxa de 62,20 homicídios a cada 100.000 habitantes, segundo lugar na colocação nacional, atrás somente do Rio Grande do Norte. Desde então, as taxas de homicídio, ainda altas, seguem caindo ―até outubro, foram 5% a menos de mortes do que 2019, segundo o monitoramento do G1. Um dos maiores obstáculos da polícia para desvendar os homicídios é a dificuldade para conseguir testemunhas. “Todo mundo tem medo, porque os homicídios, em sua esmagadora maioria, estão relacionados à guerra das facções”, afirma Martin Fillus Cavalcante Hesser, 37, delegado da DHPP (Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa) acriana.

Um dos fatores para o arrefecimento da violência nas ruas é justamente o domínio do CV nos últimos anos, que, ainda assim, enfrenta uma pequena resistência do PCC. A dinâmica da expansão do crime organizado se reflete nas ruas, nas áreas rurais (inclusive aldeias indígenas) e, claro, pulsam no sistema carcerário local. Com aproximadamente 8.000 presos, as prisões estão completamente controladas por facções.

Inimigos mortais, os faccionados rivais são divididos em pavilhões, mas até ali é possível ver a influência da religião. Movimentos evangélicos se proliferam de do cárcere superlotado e o instituto que administra as prisões do Acre resolveu tomar o fenômeno como uma oportunidade. No sistema penitenciário acriano como um todo, mais de 30 pastores de diferentes vertentes têm autorização e a missão de converter criminosos em religiosos. O IAPEN-Acre criou, no início de 2020, um pavilhão exclusivo para evangélicos na Penitenciária Francisco de Oliveira Conde, a maior do Estado. São 625 presos divididos em 25 celas. Cada cela possui seu líder espiritual, que prega a palavra diariamente aos seus companheiros de cadeia, a maioria analfabetos.

Em uma breve visita em agosto, o EL PAÍS pôde observar a dinâmica distinta do pavilhão “da bênção”. Seus ocupantes seguem regras diferentes dos setores comandados pelas organizações criminosas e, ao mesmo tempo, são vigiados por meio dos mais diversos modos de controle das facções. A rotina do banho de sol vira um culto a céu aberto, com cânticos e bíblias. “Aqui é um hospital onde cada um está sendo tratado espiritualmente”, comparou, em conversa com a reportagem Fernando Henrique Junqueira, 39 anos, detento que ocupa a função de faxineiro do pavilhão ―ao contrário do que o senso comum pode imaginar, trata-se de um posto estratégico, de liderança no local.

O promotor Bernardo Fiterman Albano, coordenador adjunto do Gaeco (Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado), vê pragmatismo na fé. “Eu não confio que essas pessoas estão indo para fé pela capacidade de evangelização do pastor. Estão indo para lá como subterfúgio para sair da organização criminosa”, afirma.

Um chamado na Cidade do Povo

Nem quem deixa o sistema carcerário tem a via livre para recomeçar longe das facções e isso ficaria claro em um dos chamados. Em uma noite de agosto, os pastores da Equipe 91 foram solicitados por Alberto (nome fictício). Egresso da cadeia havia apenas quatro dias, ele é monitorado por tornozeleira eletrônica e solicitava o trabalho do grupo para tentar retomar a vida fora do crime. Alberto é da Cidade do Povo, um bairro a dez quilômetros do centro de Rio Branco e um exemplo de campo sangrento das batalhas de território existentes na cidade. Ao contrário do resto da capital, ali é o PCC quem controla a área em associação ao B13, facção local criada como oposição às do Sudeste. Pichações por todo o lugar indicam o domínio das organizações criminosas. O posto policial foi completamente depredado e marcado pela grafia que aproveita a ausência do Estado para ditar as regras. “Proibido roubar morador”, diz uma delas.

“Tem algumas coisas que queremos te passar, alguns cuidados para te ajudar”, diz Francisco Ferreira da Conceição, da Equipe 91, a Alberto no bairro projetado para abrigar famílias de baixa renda do programa Minha Casa Minha Vida. São cerca de 3.500 casas nos mesmos moldes das obras do programa em regiões mais frias do país. Possuem até aquecedor de água solar: “Usamos o aquecedor para pelar galinha”, brincam os moradores. Ali quase ninguém tem emprego formal, uma situação agravada pela pandemia. No Acre, 59,6% do total dos domicílios recebe auxílio emergencial, a quinta maior porcentagem do país.
Na conversa com o potencial novo fiel, os pastores são rígidos. Usam toda a expertise para escrutinar o nível de comprometimento com “a palavra de Deus”. “Se tu não quiser, é melhor tu ficar no crime mesmo, porque às vezes está querendo fazer o vídeo para se esconder e está no mundo. Morre mais rápido de quem tá no crime”, adverte Francisco. Perguntam em códigos sobre sua vida pregressa, sobre o comportamento na cadeia, os motivos que o levaram a buscar a Equipe 91.

A audiência segue como estabelecimento das novas regras de uma vida dedicada à religião: as vestes têm de ser compridas, o cabelo, sem muita personalidade. A rotina deve envolver orações e o afastamento do crime. Alberto ouve tudo de forma diligente, cercado de testemunhas. Finalmente, depois de concordar com a lista de exigências, é hora de gravar o salvo-conduto. O termo segue sempre a mesma lógica: o novo convertido cita seu nome, lembra seu vulgo, o codinome usado no mundo do crime, e também uma senha, outra burocracia da facção. Por fim, anuncia a saída do crime. O vídeo é então despachado por WhatsApp para todas as facções e, assim, Alberto tem a baixa da lista do crime e passa a integrar a lista dos irmãos da igreja.

“Eu oro, eu bebo”

O trabalho da Equipe 91, algumas vezes, não se encerra com o vídeo. Para que o salvo-conduto dê certo e siga sendo respeitado, é preciso constância e disciplina e esse e um dos trabalhos de acompanhamento feito por Francirley Barroso dos Santos, 43, conhecido como Caboclão.

Homem forte, de traços indígenas e voz imponente, com astúcia para a solução de qualquer problema, o ex-empresário do crime cumpriu dez anos de cadeia e está na Equipe 91 desde a fundação. Em uma tarde de agosto, dirige sua Parati branca, ano 2010, com ar condicionado quebrado, pela estrada de terra envolta pelo pó fino da tabatinga, a formação de solo comum no Acre, que entra pelas janelas. Ele se dirige a uma das comunidade onde atua, controlada pelo CV, que fica a duas horas de carro do capital.

Caboclão é recebido em uma casa construída com madeira de castanheira. A maioria dos que estão ali, vestidos com a melhor roupa e segurando a bíblia, são menores de idade com pouco ou nenhum estudo, com semblantes de adultos castigados pela vida e o sol do lugar. O pastor está ali para celebrar um culto que apresentará o anfitrião do lugar como novo homem, agora “na bênção”. O convertido, apreensivo, é Lucena (nome fictício), de 30 anos, que recebe o grupo de vizinhos na tarde de verão amazônico.

A trajetória de Lucena ilustra a infiltração do crime na zona rural do Acre, de delinquência comum ao crime organizado. A chegada dele na região foi responsável pela mudança na geografia. Em pouco tempo, ele devastou toda a floresta em volta, loteou e plantou banana e café. Vendeu alguns pedaços da terra e deu outros trechos para amigos. Durante esse período, permaneceu na vida criminosa: participou de pelo menos três homicídios. Entrou e saiu do sistema carcerário seis vezes.

A influência evangélica como contrapeso às facções não está apenas nas ruas. O instituto que administra as prisões do Acre criou no início deste ano um pavilhão exclusivo para evangélicos na Penitenciária Francisco De Oliveira Conde, a maior do Estado. São 625 presos divididos em 25 celas.

Galeria de fotos | Uma semana na trilha dos ‘salvadores de almas’ do Acre
Se entrou no crime precocemente, com pequenos furtos, assaltos, brigas de gangue, Lucena mudou de patamar ao entrar nas facções. Com o currículo extenso, foi assediado por diversas organizações criminosas, e escolheu o CV. Ele foi responsável por implantar as regras do comando na região de floresta: montou bocas de fumo e batizou novos integrantes, fez funcionar o sistema urbano no campo. Com o tempo, chegaram as ameaças: “O fazendeiro mandou um pistoleiro me matar, porque estava colocando esses caras para invadir. Me alertavam, ‘Ei, tem cara tirando foto por aí’. Aquilo vai te abalando. Nessas horas, Deus tem um chamado pra sua vida”, conta Lucena.

“Um amigo pastor me chamou e contou um sonho: ‘Vi uma onça vermelha morta aqui nesse ramal’. Quando ele falou isso, eu me vi estirado, morto numa tocaia.” Foi a senha para a rendição a Jesus. Lucena procurou a Equipe 91, e acabou resgatado pela equipe de pastores ―que o esconderam numa clínica de reabilitação por dois meses. Algum tempo depois, voltou para a área “na bênção”, sob os cuidados de Caboclão. Recentemente, caiu na bebedeira. “Eu bebo, eu oro”, ele diz, em tom de lamento. Por causa do deslize, sofreu uma tentativa de homicídio enquanto dormia.

“Seria uma falta gravíssima usar a religião para escapar de uma traição que você já fez ao crime. Aí seria uma dupla traição”, diz Karina Biondi, professora da Universidade do Maranhão e autora do livro Junto e Misturado: Uma Etnografia do PCC (Editora Terceiro Nome). A antropóloga diz que há razões para que a religião seja respeitada pelos criminosos. “Perante Deus se estabelece uma relação de igualdade, como pecadores, e não como presos e libertos em referência ao sistema jurídico. Eles respeitam tanto a religião que eles abrem essa exceção de poder converter uma pessoa que, em outras circunstâncias, teria sido morta”, observa Biondi.

Com a nova ameaça contra Lucena, os pastores entraram mais uma vez em ação. De volta à sua casa, agora o novo fiel se mantém vivo sob a supervisão estrita dos conselheiros espirituais. Está no fio da navalha. “Está na mão dele agora”, explica Caboclão. “Eles são meninos bons”, diz. Com um forte aperto de mão e olhando nos olhos de Lucena, o pastor se despede: “Desiste não!”

Fonte: El País