Governo francês fez três "exigências" para continuar as negociações do tratado comercial, incluindo respeito às metas do Acordo de Paris sobre o clima
O governo da França afirmou nesta sexta-feira (18/09) que se opõe ao atual acordo de livre comércio entre União Europeia e Mercosul devido a "grandes" preocupações a respeito do desmatamento.
A declaração chega em meio à repercussão dos incêndios florestais na Amazônia e no Pantanal e das tentativas do governo do presidente Jair Bolsonaro de minimizar a crise ambiental nos dois biomas.
Segundo a agência AFP, o governo da França formulou três "exigências" para continuar as negociações do tratado comercial, incluindo o respeito às metas do Acordo de Paris sobre o clima, assinado em 2015, e o alinhamento das importações a normas sanitárias e ambientais da União Europeia.
"O projeto de acordo não tem qualquer disposição para disciplinar as práticas dos países do Mercosul em matéria de combate ao desmatamento. Essa é a principal lacuna desse acordo e a principal razão para as autoridades francesas se oporem ao projeto de acordo", disse o governo.
Recentemente, o primeiro-ministro Jean Castex recebeu um relatório de 184 páginas que considera o acordo de livre comércio com o Mercosul uma "oportunidade perdida pela União Europeia de utilizar seu poder de negociação para obter garantias sólidas" em matéria ambiental, sanitária e social.
O tratado comercial foi assinado em 2019, após 20 anos de negociações, mas precisa ser ratificado por todos os parlamentos nacionais envolvidos - alguns deles, como dos Países Baixos e da Áustria, já aprovaram moções pedindo a rejeição do acordo.
O presidente da França, Emmanuel Macron, também já disse que não ratificará o tratado se o governo brasileiro não garantir a proteção da Amazônia, enquanto a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, afirmou recentemente que tem "sérias dúvidas" sobre o acordo devido à crise na floresta tropical.
Fonte: Opera Mundi
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