A ex-presidente Dilma Rousseff acusou o jornalista Pedro Bialde ser sexista e misógino e a Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) de usar dinheiro público para incitar ódio contra a cineasta Petra Costa, diretora do filme Democracia em Vertigem, que trata do impeachment da petista. O filme concorrerá ao Oscar de melhor documentário no próximo domingo.
Em uma série de tuítes, Dilma defendeu a cineasta e o filme. "Como se não bastasse a grosseria misógina e sexista de Bial contra Petra Costa, ao chamá-la de menina insegura em busca de aprovação dos pais, a candidata brasileira ao Oscar com o filme Democracia em Vertigem foi vítima de intolerável agressão oficial do governo Bolsonaro", escreveu a ex-presidente.
Em uma série de tuítes, Dilma defendeu a cineasta e o filme. "Como se não bastasse a grosseria misógina e sexista de Bial contra Petra Costa, ao chamá-la de menina insegura em busca de aprovação dos pais, a candidata brasileira ao Oscar com o filme Democracia em Vertigem foi vítima de intolerável agressão oficial do governo Bolsonaro", escreveu a ex-presidente.
1 Como se não bastasse a grosseria misógina e sexista de Bial contra Petra Costa, ao chamá-la de menina insegura em busca de aprovação dos pais, a candidata brasileira ao Oscar com o filme Democracia em Vertigem foi vítima de intolerável agressão oficial do governo Bolsonaro.— Dilma Rousseff (@dilmabr) February 4, 2020
2 A Secretaria de Comunicação da Presidência exibiu um vídeo, feito com dinheiro público, para ofender uma artista brasileira apenas porque exerceu o inalienável direito de criticar o governo numa rede de TV. Trata-se de censura e de brutal desrespeito à liberdade de expressão.— Dilma Rousseff (@dilmabr) February 4, 2020
3 Petra foi até serena na escolha das palavras, ao dizer uma pequena parte do que os brasileiros e o mundo já sabem: o Brasil é governado por um machista, racista, homofóbico, inimigo da cultura, apoiador de ditaduras, da tortura e da violência policial, e amigo de milicianos.— Dilma Rousseff (@dilmabr) February 4, 2020
3 Petra foi até serena na escolha das palavras, ao dizer uma pequena parte do que os brasileiros e o mundo já sabem: o Brasil é governado por um machista, racista, homofóbico, inimigo da cultura, apoiador de ditaduras, da tortura e da violência policial, e amigo de milicianos.— Dilma Rousseff (@dilmabr) February 4, 2020
4 Petra Costa foi chamada de mentirosa por dizer a verdade que o mundo conhece sobre a maneira como o governo trata o meio ambiente: a Amazônia está sendo devastada pela leniência de Bolsonaro com o desmatamento e com as invasões, e pelo seu profundo desrespeito pelos indígenas.— Dilma Rousseff (@dilmabr) February 4, 2020
5 A Secom usa a máquina pública para incitar ódio contra uma artista. Mas Petra nos enche de orgulho. Por ser mulher, talentosa, representar o país no Oscar e ter feito um filme que desmascara o golpe do impeachment ilegal de 2016 que levou o Brasil ao desastre chamado Bolsonaro.— Dilma Rousseff (@dilmabr) February 4, 2020
6. O insulto mais grave da Secom a Petra Costa foi acusá-la de militante antiBrasil no exterior. Isto é não só mentira, como também uma inversão absoluta da realidade. Não há em nosso país ninguém mais anti-Brasil e mais pernicioso à nossa imagem no exterior do que Bolsonaro.— Dilma Rousseff (@dilmabr) February 4, 2020
Também pelo Twitter, o ex-presidente Lula criticou o uso da estrutura da Secom no ataque à diretora.
Bolsonaro age à revelia da verdade, usando a estrutura do governo para atacar a cineasta @petracostal. A perseguição à cultura é método dessa gestão. Minha solidariedade a Petra pela coragem em narrar os fatos em tempos de guerra à verdade.— Lula (@LulaOficial) February 4, 2020
"Ficção alucinante"
Dilma afirma que Petra tem sido chamada de mentirosa por dizer a verdade. O documentário retrata o impeachment como um golpe. Em entrevista à rádio Gaúcha, Bial se referiu ao filme como uma "ficção alucinante" e disse que deu gargalhadas enquanto o assistia. "É um filme de uma menina dizendo para mamãe dela que fez tudo direitinho, que ela está ali cumprindo as ordens e a inspiração de mamãe, somos da esquerda, somos bons, não fizemos nada, não temos que fazer autocrítica", declarou o jornalista.
Para a ex-presidente, além de usar dinheiro público ilegalmente, a Secom da Presidência promove censura e desrespeita a liberdade de expressão ao atacar a cineasta. Dilma também criticou o presidente Jair Bolsonaro. "Petra foi até serena na escolha das palavras, ao dizer uma pequena parte do que os brasileiros e o mundo já sabem: o Brasil é governado por um machista, racista, homofóbico, inimigo da cultura, apoiador de ditaduras, da tortura e da violência policial, e amigo de milicianos."
Militante anti-Brasil
Por meio de conta oficial da Secom no Twitter, a secretaria sob comando de Fabio Wajngarten acusa Petra Costa de difamar o Brasil no exterior e de atuar como uma "militante anti-Brasil". As críticas foram motivadas por declarações dadas pela documentarista à PBS, uma emissora pública dos Estados Unidos.
"Sem a menor noção de respeito por sua nação e pelo povo brasileiro, Petra afirmou num roteiro irracional que a Amazônia vai virar uma savana e que o presidente Bolsonaro ordena o assassinato de afroamericanos [provavelmente a ideia era escrever afrobrasileiros] e homossexuais", afirma o post. "É inacreditável que uma cineasta possa criar uma narrativa cheia de mentiras", acrescenta a Secom, que também divulgou um vídeo chamando de fake news cada declaração da documentarista.
Veja o post da Secom:Nos Estados Unidos, a cineasta Petra Costa assumiu o papel de militante anti-Brasil e está difamando a imagem do País no exterior. Mas estamos aqui para mostrar a realidade. Não acredite em ficção, acredite nos fatos. pic.twitter.com/NLnf8gA87c— SecomVc (@secomvc) February 3, 2020
Para a advogada Mônica Sapucaia Machado, especialista em direito administrativo, os tuítes da Secom ferem a Constituição.A professora da Escola de Direito do Brasil cita o artigo 37 da Constituição. "Ele deixa claro que a Administração Pública se submete aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, e determina ainda que a publicidade dos governos terá caráter educativo, informativo ou de orientação social", afirmou a advogada à Folha de S.Paulo.
Fonte: Congresso em foco
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