Após a agressão do candidato de extrema-direita Jair Bolsonaro,
a campanha presidencial corre o risco de se radicalizar em um país que parece
ter perdido o controle de seu destino
A um mês da eleição presidencial, a
tentativa de assassinato na quinta-feira, 6 de setembro, do candidato de
direita Jair Bolsonaro representa uma nova ameaça à jovem democracia
brasileira.
Imediata e unanimemente condenada, esta agressão cometida por um personagem apresentado como desequilibrado, reflete o clima extremamente tenso que prevalece hoje. Desde a destituição (impeachment)controversa da presidente Dilma Rousseff, em 2016, o país parece ter perdido o controle de seu destino.
Tudo contribui para isso. Uma sociedade que se sente abandonada. As balas perdidas que matam as crianças dos bairros nas mãos das gangues. Representantes da sociedade civil assassinados em plena luz do dia. Uma classe política tão angustiante quanto envelhecida, minada pela corrupção. Nesse contexto deletério, o incêndio que assolou o Museu Nacional do Rio, em 2 de setembro, apareceu como símbolo do descuido do Estado. Alguns falam sobre o suicídio de uma nação. Parece que sim.
O país estava à beira da revolta em junho de 2013. Hoje está totalmente desorientado. Os brasileiros estão procurando um líder capaz, eles esperam, de restaurar o esplendor perdido do país. Alguns o veem em Jair Bolsonaro, este militar da reserva com o discurso grosseiro e de provocação. Outros continuam contando com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso por corrupção. Ambos estão liderando pesquisas. Nenhum dos dois pode agora fazer campanha.
É cedo demais para avaliar as consequências políticas da agressão sofrida pelo candidato de extrema-direita. Mas, assim como a esquerda, que acalenta um Lula comparado a "um prisioneiro político", a extrema direita agora tem seu mártir. E, se acreditarmos no filho de Jair Bolsonaro, Flavio, esse status seria capaz de impulsionar seu pai "mais forte do que nunca" para o mais alto cargo já no primeiro turno da eleição.
A hipótese é, sem dúvida, exagerada. Mas a comoção nacional provocada por esse ultrajante ataque à democracia deve fazer o candidato subir nas pesquisas. A simples força do drama esconde os debates, a troca de ideias, as propostas necessárias para tirar o país de uma crise política, moral e institucional. Uma estadia prolongada no hospital pouparia Jair Bolsonaro de qualquer confronto televisionado e permitiria que ele controlasse sua mensagem através de seus vídeos de celular e mensagens de mídia social.
A campanha presidencial já era violenta. Pode-se recear uma radicalização ainda maior. Há seis meses, a caravana do ex-presidente Lula foi atacada à bala. Após sua prisão em abril, um ativista que veio em seu apoio foi ferido a tiros. Em seguida, foram as palavras inflamadas de Jair Bolsonaro, em um de seus comícios, incitando a atirar nos "petralhas", outro nome dado aos militantes do Partido dos Trabalhadores (esquerda) de Lula. O ataque a faca contra o candidato de extrema-direita é mais um passo nessa escalada fora de controle e nega a imagem do "país cordial" que seria o Brasil.
Resta esperar que esse episódio dramático funcione como um eletrochoque. E que encoraje a sociedade brasileira como um todo a buscar uma solução democrática para todos os seus males. Neste ponto, parece infelizmente mais um desejo.
Imediata e unanimemente condenada, esta agressão cometida por um personagem apresentado como desequilibrado, reflete o clima extremamente tenso que prevalece hoje. Desde a destituição (impeachment)controversa da presidente Dilma Rousseff, em 2016, o país parece ter perdido o controle de seu destino.
Tudo contribui para isso. Uma sociedade que se sente abandonada. As balas perdidas que matam as crianças dos bairros nas mãos das gangues. Representantes da sociedade civil assassinados em plena luz do dia. Uma classe política tão angustiante quanto envelhecida, minada pela corrupção. Nesse contexto deletério, o incêndio que assolou o Museu Nacional do Rio, em 2 de setembro, apareceu como símbolo do descuido do Estado. Alguns falam sobre o suicídio de uma nação. Parece que sim.
O país estava à beira da revolta em junho de 2013. Hoje está totalmente desorientado. Os brasileiros estão procurando um líder capaz, eles esperam, de restaurar o esplendor perdido do país. Alguns o veem em Jair Bolsonaro, este militar da reserva com o discurso grosseiro e de provocação. Outros continuam contando com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso por corrupção. Ambos estão liderando pesquisas. Nenhum dos dois pode agora fazer campanha.
É cedo demais para avaliar as consequências políticas da agressão sofrida pelo candidato de extrema-direita. Mas, assim como a esquerda, que acalenta um Lula comparado a "um prisioneiro político", a extrema direita agora tem seu mártir. E, se acreditarmos no filho de Jair Bolsonaro, Flavio, esse status seria capaz de impulsionar seu pai "mais forte do que nunca" para o mais alto cargo já no primeiro turno da eleição.
A hipótese é, sem dúvida, exagerada. Mas a comoção nacional provocada por esse ultrajante ataque à democracia deve fazer o candidato subir nas pesquisas. A simples força do drama esconde os debates, a troca de ideias, as propostas necessárias para tirar o país de uma crise política, moral e institucional. Uma estadia prolongada no hospital pouparia Jair Bolsonaro de qualquer confronto televisionado e permitiria que ele controlasse sua mensagem através de seus vídeos de celular e mensagens de mídia social.
A campanha presidencial já era violenta. Pode-se recear uma radicalização ainda maior. Há seis meses, a caravana do ex-presidente Lula foi atacada à bala. Após sua prisão em abril, um ativista que veio em seu apoio foi ferido a tiros. Em seguida, foram as palavras inflamadas de Jair Bolsonaro, em um de seus comícios, incitando a atirar nos "petralhas", outro nome dado aos militantes do Partido dos Trabalhadores (esquerda) de Lula. O ataque a faca contra o candidato de extrema-direita é mais um passo nessa escalada fora de controle e nega a imagem do "país cordial" que seria o Brasil.
Resta esperar que esse episódio dramático funcione como um eletrochoque. E que encoraje a sociedade brasileira como um todo a buscar uma solução democrática para todos os seus males. Neste ponto, parece infelizmente mais um desejo.
Fonte: A Carta Maior
Nenhum comentário:
Postar um comentário