De acordo com o site oficial do hotel Renaissance, em São Paulo, a maior sala para eventos é o auditório com espaço de 496 m² e capacidade máxima de 420 pessoas.
Com cadeiras de cor azul confortáveis, o espaço estava vazio no final da tarde de segunda-feira (23) pouco antes da palestra do juiz Sérgio Fernando Moro. A conferência estava prevista para começar às 16hrs e todos – sem exceção – atrasaram.
Com cadeiras de cor azul confortáveis, o espaço estava vazio no final da tarde de segunda-feira (23) pouco antes da palestra do juiz Sérgio Fernando Moro. A conferência estava prevista para começar às 16hrs e todos – sem exceção – atrasaram.
O IX Fórum da Associação Nacional de Editores de Revistas (ANER) ocorreu durante o dia todo. Não havia 100 pessoas na plateia, formada em sua grande maioria por jornalistas da Abril, Caras e Globo.
A palestra anterior foi justamente sobre cortes de custo e demissões nos grupos editoriais, organizada por Carlos Alberto Priolli, diretor-sênior da consultoria Alvarez & Marsal Brasil. “Nos grupos de vocês não se pode cortar talentos indiscriminadamente. Mas é necessário, sim, fazer demissões com base zero, ignorando o passado da empresa. Vocês precisam se perguntar: a gente precisa estar trabalhando no prédio em que estamos?”, questionou Priolli. Quem trabalha na Abril deve ter achado graça na pergunta.
Nesse clima de baixo astral, Sérgio Moro chegou 12 minutos atrasado. Não só ele. Com 33 minutos de atraso, Thomaz Souto Corrêa, conselheiro e lenda viva da Abril, apresentou Moro. “Não, gente, eu não sou Giancarlo Civita. Ele infelizmente não pôde comparecer aqui hoje”, disse em tom de deboche e arrancando algumas risadas, explicando o cano do MC original.
Segundo Thomaz, Moro trabalha a favor da democracia e da imprensa. “Nós estamos, na verdade, torcendo pelo senhor”, completou.
Sérgio Moro foi entrevistado por Frederic Kachar, presidente da ANER e diretor-geral da Editora Globo e Infoglobo. Havia cerca de dez jornalistas cobrindo o evento, e mais cinco câmeras. Moro iniciou elogiando os protestos contra a corrupção.
“O acesso potencializado [às delações premiadas] na imprensa é muito mais benéfico do que maléfico. A população precisa saber desses processos e discutir os trâmites dos processos. Recebemos críticas sobre os vazamentos, mas em geral as reclamações foram sobre documentos que já estavam devidamente encaminhados para a publicidade”, disse.
Para ele, a imprensa acerta por divulgar as informações e não deve sonegá-las. “O caso do mensalão foi até corretamente criticado pelo excesso de transparência, mas todas as críticas são naturais”, frisou.
Para o cabeça da Lava Jato, as informações de investigações no período eleitoral são justificáveis e benéficas para a decisão na urna. “Claro que as palavras dessas pessoas [em vazamentos] são de indivíduos envolvidos com crimes e devem ser analisadas. Mas muitas das palavras registradas foram comprovadas posteriormente”, afirmou.
Kachar aceitou perguntas da audiência e outras previamente preparadas. Sérgio Moro respondeu que não acredita que a imprensa é enviesada e culpou os agentes públicos nas acusações de corrupção quando ocorre o julgamento de autoridades políticas. “O governo [Dilma] lançou propostas para combater corrupção no começo do ano pelo que lembro e, no meu entender, foram iniciativas muito vagas”, falou.
“E o que o senhor acha do direito de resposta recentemente aprovado?”, questionou Kachar.
“Foi uma iniciativa que, embora tenha boas intenções em sua formatação, ficou com problemas procedimentais de defesa da imprensa e muito vaga na minha opinião. Fala-se no projeto de lei do ‘ofendido’. Qual ofendido? E se as informações divulgadas forem embasadas com razoável cuidado? A minha crítica com essa lei de imprensa, embora saiba que não sou um especialista, não é tanto contra o direito de resposta em si, garantido constitucionalmente, mas sim sobre o procedimento e sua vaguesa”, argumentou Moro, criticando a iniciativa do senador Roberto Requião, que se declara seu amigo.
Todos os jornalistas que puderam fazer perguntas reforçaram que a operação Lava Jato é um avanço. O próprio juiz foi um pouco cético quanto a isso, citando a operação Mãos Limpas na Itália. “Acho que vamos levar 10 anos para entender a importância desses processos jurídicos, incluindo a ação penal 470 [do mensalão]. Foram exceções na Justiça que se tornaram regra ou serão exceções que não vãoo se repetir. Na Itália isso se tornou uma motivação para políticos reagirem”, disse.
“O público que lê essas informações sobre corrupção precisa ter pensamento crítico. Criminosos confessos devem ser vistos com reservas. Mas acredito que estamos avançando. Se eu vejo num processo que um executivo de uma estatal está desviando milhões, eu não devo decretar a prisão preventiva dele? O que o torna menos perigoso do que um traficante de drogas?”, perguntou.
O juiz da Lava Jato lembrou dos crimes empresariais cometidos em estatais. ZZZzzzzzz… Considerando o baixo quórum que o prestigiou, as ausências e o clima triste, Sergio Moro e seus vingadores param este ano e só voltam depois do Carnaval.
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