A matéria acima é de Catia Seabra, uma das mais experientes e bem relacionadas jornalistas políticas do país. A teoria – de que o PSB pode se desvencilhar do PT e se unir aos tucanos – tem sido ventilada por vários analistas da grande mídia.
Merval Pereira, por exemplo, em sua coluna de hoje, diz o seguinte:
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Por isso mesmo, o racha do PSB com o PT em Belo Horizonte, mais do que os de Fortaleza e Recife, está sendo visto pelo comando nacional petista como uma sinalização de que o governador Eduardo Campos está se movendo para uma distância segura do PT.
(…) Com ou sem partido novo, porém, o fato é que o candidato natural do PSDB à presidência da República em 2014 está costurando nos bastidores diversas alianças políticas para viabilizar sua candidatura, confiante em que a aliança da base aliada não resistirá às dificuldades de convivência interna nem à crise econômica que tende a se agravar.
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Parece até uma ação combinada. Todo mundo querendo implodir a base aliada. Só que estão forçando a barra. PT e PSB sempre se estranharam. Não é nenhuma novidade. Entretanto, a mídia está impondo uma interpretação enviesada, transferindo lógicas de ordem local para o plano nacional.
Tudo bem, temos entrevista com Ciro Gomes ao Estadão, dando umas cacetadas no PT. Mas Ciro bate ainda mais forte em Aécio. E com todo o respeito pelo importante quadro político que é Ciro Gomes, ele é carta fora do baralho. Não é confiável, nem para seu próprio partido. E sua afirmação de que o PT “aniquilou sua carreira política”, ao forçar sua saída da última eleição presidencial é simplesmente ridícula. Quem mandou Ciro sair foi o PSB, e por razões absolutamente racionais: Ciro nem o PSB tinham condições políticas para bancar uma candidatura, ainda mais num ambiente altamente polarizado entre PSDB e PT. O PSB tinha que se posicionar e agiu certo: sua posição gerou excelentes dividendos políticos para o partido.
Os problemas recentes entre PSB e PT podem até trazer, como pano de fundo, divergências programáticas mais graves, mas é preciso verificar sobretudo os componentes locais, que sempre agem com muita força numa eleição municipal.
Em Recife, o PT implodiu sozinho. Não há porque culpar PSB ou a relação entre PSB e PT pelos problemas na capital de Pernambuco.
Em Fortaleza, briga de egos e cabeças duras. Luizanne Lins, do PT, é uma cabeça quente. Os irmãos Gomes também são cabeçudos. A briga é certa.
Em BH, o Aécio envenenou e seduziu Marcio Lacerda, ao que parece prometendo apoio em eleição para governador em 2014.
Todavia, eu não acredito em ruptura de PSB com PT, e acho que a mídia está manipulando estatísticas de alianças. Há um sensacionalismo tendencioso por trás do anúncio da queda no número de alianças entre os dois partidos nas capitais brasileiras. É claro que, de uma eleição para outra, as condições políticas mudam totalmente, e a quantidade de alianças com outro partido pode cair ou crescer. Mas é importante ver o quadro total, nacional. O Brasil tem mais de 5 mil cidades, não é porque o PT e PSB romperam aliança em 2 ou 3 cidades que se pode dizer que o casamento acabou.
As declarações das lideranças do PSB tem sido enfáticas: o partido vai apoiar Dilma em 2014. É isso que importa, o resto é fofoca, ou especulação interessada. E os sinais políticos de hoje não indicam nenhuma mudança nesse sentido. Ao contrário, os dirigentes partidários deram mostras de aborrecimento pelos problemas nas alianças já mencionados, e trataram de dirimir as dúvidas quanto à mútua lealdade exibindo fotos de Lula e Eduardo Campos abraçando-se sorridentes.
O anseio serrista, portanto, não passa disso, de um anseio, e parece satisfazer mais a vontade de ferir Aécio do que, efetivamente, forjar uma aliança com Eduardo Campos.
Em 2018, aí sim, Eduardo Campos poderia ter sua chance. Mas pensar em 2018 agora é futurismo tolo.
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