A nova tentativa do presidente de trocar o comando da PF levou o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, a dar um ultimato em Bolsonaro
O presidente Jair Bolsonaro recuou e adiou, por ora, a demissão do delegado Maurício Valeixo da diretoria-geral da Polícia Federal (PF). A nova tentativa do presidente de trocar o comando da PF levou o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, a dar um ultimato em Bolsonaro. Em reunião com o presidente ocorrida na manhã de ontem, Moro deixou claro que se demitiria na hipótese de exoneração de Valeixo. O delegado é o braço-direito do ministro na PF, órgão vinculado à pasta da Justiça.
Ministros palacianos conseguiram convencer Bolsonaro a manter Valeixo na função. Ao menos três generais ligaram para Moro, que também recebeu diversas mensagens de WhatsApp de parlamentares bolsonaristas. Todos pediram para que o ministro fique no cargo. O entendimento agora é que Valeixo deve deixar o posto nos próximos meses. Mas Moro quer ter poder na nomeação do sucessor.
Segundo o ministro, teme que um delegado de perfil político, e não técnico, assuma o comando da PF e dê prosseguimento ao esvaziamento de estruturas de controle e combate à corrupção iniciadas no governo Bolsonaro e que até então tinham sido robustecidas em decorrência de resultados obtidos com a Operação Lava-Jato.
O preferido por Bolsonaro para assumir a PF é o delegado Anderson Gustavo Torres, secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, que tem o apoio do governador Ibaneis Rocha e do MDB. Torres também é amigo do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). Na quarta-feira, Ibaneis e o presidente conversaram sobre a troca de comando em reunião ocorrida no Palácio — sem a presença de Moro —, que soube do encontro depois, por intermédio de um assessor.
Antes de assumir a Segurança Pública, Torres atuou na Associação dos Delegados da Polícia Federal (ADPF) como diretor de assuntos legislativos. Sua função era promover a interlocução dos policiais federais com os parlamentares. A chapa da ADPF foi constituída com apoio do então deputado federal Fernando Francischini (PSL-PR). Torres também foi chefe de gabinete de Francischini e trabalhou na CPI que investigou operações do bicheiro Carlinhos Cachoeira.
O delegado Torres conheceu Bolsonaro no Congresso nessa época, quando o atual presidente exercia o mandato de deputado.
Atual diretor da Agência Brasileira de Informação (Abin), Alexandre Ramagem também é cotado para dirigir a PF e conta com o apoio do vereador carioca Carlos Bolsonaro e a simpatia do general Augusto Heleno.
Tradicionalmente, quando o diretor-geral da PF vai deixar o cargo, ele indica ao menos três nomes de potenciais substitutos e os entrega ao ministro da Justiça, que os submete ao presidente da República.
Fonte: Valor Econômico
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