O
presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, afirmou que o Brasil
esteve à beira de uma crise institucional entre os meses de abril e maio e
disse que atuou para tentar acalmar a situação articulando um grande acordo
nacional junto com os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e da
Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para frear o processo de impeachment do
presidente Jair Bolsonaro e adiar a sessão em que a Corte julgaria a legalidade
das prisões em segunda instância, o que poderia resultar na libertação do
ex-presidente Lula.
Em entrevista
à revista Veja, divulgada nesta sexta-feira
(09/08), o presidente do STF conta que logo nos primeiros meses do governo foi
costurou o acordo entre os poderes para evitar a convulsão social e o
impedimento de Bolsonaro em razão da insatisfação de militares, da classe
política e de empresários, incomodados com a desastrosa condução do país pelo
mandatário.
Um dos
generais próximos ao chefe do Planalto consultou um ministro do STF para saber
se estaria correta a sua interpretação da Constituição segundo a qual o
Exército, em caso de necessidade, poderia usar tropas para garantir “a lei e a
ordem”.
Segundo a
reportagem, o “ponto de ebulição” da crise tinha data para acontecer: 10 de
abril, quando Lula poderia ser libertado por uma decisão do STF sobre a
ilegalidade da prisão em segunda instância.
Após
mais de trinta reuniões entre os chefes do Judiciário e do Legislativo, um
grande pacto foi fechado. No Congresso, o projeto do parlamentarismo e a CPI da
Lava-Toga foram arquivados e a reforma da Previdência destravada. No Planalto,
o vice-presidente, Hamilton Mourão (PRTB), foi calado, e Santos Cruz, demitido
da Secretaria de Governo.
No Supremo,
Dias Toffoli instaurou inquérito para apurar ameaças contra os ministros, adiou
o julgamento que poderia soltar Lula e paralisou as investigações contra o
senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ).
“Estávamos em
uma situação de muita pressão, com uma insatisfação generalizada. Mas o pacto
funcionou. A reforma da Previdência foi aprovada, as instituições estão firmes.
Agora o grande desafio é o país voltar a crescer. O Supremo estará atento para
que julgamentos não impeçam ou atrapalhem o projeto de desenvolvimento
econômico, que é tão necessário”, disse Toffoli na entrevista à Veja.
Fonte: Opera Mundi
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