'Para cada um dos delinquentes desse vídeo será fixada uma recompensa de 3 bilhões de pesos', afirmou o presidente
O presidente da Colômbia, Iván Duque, se pronunciou nesta quinta-feira (29/09) sobre o grupo dissidente das Farc (Forças Alternativas Revolucionárias do Comum) que retornou à luta armada e anunciou uma recompensa de 3 bilhões de pesos colombianos (aproximadamente US$ 860 mil) para informações que levam à captura dos guerrilheiros.
"Colômbia não aceita ameaças de nenhuma natureza e muito menos do narcotráfico. Para cada um dos delinquentes desse vídeo será fixada uma recompensa de 3 bilhões de pesos por informação que conduza a sua captura", disse o presidente.
Aliado político do ex-presidente de extrema direita Alvaro Uribe, que é conhecido por suas políticas de guerra declarada contra as Farc, Duque ainda fez acusações contra o governo da vizinha Venezuela e afirmou, sem provas, que o presidente Nicolás Maduro estaria "escondendo" os guerrilheiros.
"Os colombianos devemos ter clareza de que não estamos diante do nascimento de uma nova guerrilha, mas diante de ameaças criminosas de um grupo narcoterrorista que conta com o apoio e o abrigo da ditadura de Nicolás Maduro", afirmou. O governo venezuelano ainda não se pronunciou sobre as acusações.
O mandatário, que baseou sua campanha presidencial em críticas duras contra os Acordos de Paz alcançados pelo ex-presidente Juan Manuel Santos e o antigo grupo guerrilheiro, ainda se dirigiu ao Ministério Público para que o órgão emitisse ordens de prisão contra os comandantes Iván Márquez, Jesús Santrich e El Paisa, os três que aparecem à frente durante a declaração que o grupo armado divulgou na manhã desta quinta-feira.
"Faço um chamado especial à Comunidade Internacional para que se una ao povo da Colômbia em rechaço inequívoco a essas ameaças criminosas", pediu o presidente. Duque ainda afirmou que já havia conversado com a presidente a Jurisdição Especial para a Paz (JEP), Patricia Linares, para pedir a expulsão imediata dos membros dissidentes.
Em coletiva de imprensa nesta quinta, Linares afirmou que todos os membros que retornarem à luta armada perderão os benefícios alcançados pelo Acordo de Paz. A magistrada ainda classificou o fato como "muito grave" e confirmou que a sessão de apelação da JEP já iniciou o processo de expulsão dos comandantes Márquez e Santrich, bem como de outros combatentes que os seguiram.
Farc
O presidente também se dirigiu ao partido Farc, pedindo para que os membros da legenda política expulse os dissidentes e condena a postura do grupo armado. "O mínimo que Colômbia espera hoje do partido Farc é a expulsão imediata e sem contemplações de todos os delinquentes que aparecem neste vídeo", afirmou.
Mais cedo, as lideranças do partido Força Alternativa Revolucionária do Comum concederam uma entrevista coletiva na qual rechaçaram a ação do grupo dissidente e reiteraram que a maioria permanece fiel aos Acordos de Paz.
O presidente do partido, Rodrigo Londoño "Timochenko", se disse sentir "envergonhado" em nome da coletividade das Farc e ainda pediu desculpas ao país. "Nós aprendemos a cumprir o que se acorda, a cumprir a palavra empenhada. Sentimos vergonha, peço desculpas ao povo colombiano e à comunidade internacional. aqui estamos, a grande maioria", disse o líder da legenda.
Volta às armas
Um grupo de comandantes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia-Exército do Povo (FARC-EP) anunciou nesta quinta-feira que irão voltar à luta armada em resposta ao que chamam de "traição do Estado colombiano aos Acordos de Paz", que foram assinados em Havana em 2016.
Iván Márquez, Jesús Santrich e Hernán Darío Velásquez, conhecido como El Paisa, fizeram o anúncio de que voltariam às atividades guerrilheiras. Márquez, que foi um dos negociadores em Havana, invocou o "direito universal dos povos de se levantarem em armas contra a opressão".
"Desde a assinatura do Acordo de Paz de Havana e do desarme ingênuo da guerrilha a troco de nada, não para a matança. Em dois anos, mais de 500 líderes do movimento social foram assassinados e já se somam 150 ex-guerrilheiros mortos em meio à indolência e à indiferença do Estado", disseram.
Segundo as Farc, o governo do presidente Iván Duque vem criando dificuldades para o cumprimento do acordo de paz. Em março, Duque fez objeções a seis artigos do estatuto da JEP, tribunal criado para julgar crimes cometidos durante o conflito entre forças do governo e o grupo guerrilheiro.
Fonte: Opera Mundi
Fonte: Opera Mundi
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