Ação vai continuar ao
longo da semana; resultados devem ser apresentados ainda neste mês
Quantos venezuelanos estão
em Boa Vista atualmente? Mesmo as cifras oficiais atualmente são consideradas
confusas, o que dificulta a adoção de políticas públicas e gera ainda mais
desinformação e preconceito contra os migrantes.
É com o objetivo de responder
a essa pergunta da forma mais próxima possível da realidade que uma
força-tarefa organizada pela Prefeitura de Boa Vista foi realizada neste sábado
(09) em 34 escolas municipais da capital roraimense.
Segundo Elisabete Soares,
coordenadora do Braços Abertos, programa municipal que encabeça a ação, a ideia
é mapear todos os venezuelanos que estão na cidade: os que moram de aluguel, os
que estão na rua, e os que estão em abrigos. E dessa forma, entender melhor as
necessidades dessa população para melhor atendê-la.
“A gente sabe que alguns
estão aqui de passagem para outra cidade ou país, outros querem juntar dinheiro
e voltar para a Venezuela. Queremos entender os motivos deles estarem aqui para
que possamos fazer planos melhores de trabalho, para q a própria Prefeitura
possa trabalhar melhor naquilo que é obrigação dela que é a saúde básica, a
educação básica”, explica.
A própria coordenadora do Braços Abertos concorda que a informação
dos 40, 50, 60 mil venezuelanos em Boa Vista se trata de “um chute”, já que a
conta é feita a partir das entradas e saídas pela fronteira em Pacaraima.
“Só que nem todo mundo que
entrou, saiu pela mesma fronteira ou ficou em Boa Vista. Passaram 40 mil
pessoas por lá, mas não necessariamente elas estão aqui, elas podem até mesmo
terem voltado para a Venezuela por outra fronteira”, completa.
Luís Alexis Otamendys, 24,
foi um dos migrantes que participou da ação. Vivendo em Boa Vista há um mês,
mora na rua (mais precisamente a avenida Ataíde Teive, uma das mais
movimentadas de Boa Vista) com a esposa, que era quem fazia o cadastro pela
família. Ele trabalhava em padarias na Venezuela e ainda não conseguiu trabalho
no Brasil. A ambição do casal e chegar até o Peru, mas estão achando caras as
passagens de avião.
A prefeitura recomendava
que somente um de cada família fizesse o cadastro de todos, para ficar mais
rápido. Também orientava a trazerem o máximo de documentos brasileiros e
venezuelanos possível, mas apenas para facilitar o atendimento. Eles poderiam
ir sem, desde que trouxessem pelo menos uma identificação com foto.
Na escola municipal
Pequeno Polegar, no bairro Treze de Setembro, zona oeste de Boa Vista, onde a
reportagem do MigraMundo esteve, eram três as salas onde os imigrantes estavam
sendo atendidos. Não havia filas nem tumultos. Todas as escolas contavam com
uma sala de espera com um intérprete que explicava em espanhol sobre os motivos
do cadastramento de hoje, e sala de recreação para as crianças e adolescentes.
Na escola Pequeno Polegar, um filme infantil era exibido em um datashow para
entreter as crianças.
Próximos passos
A partir de segunda-feira
(11), o atendimento aos venezuelanos será feito no Centro de Informação,
localizado na Avenida Brasil, em frente à Polícia Federal. Os abrigos também
serão alvo do mapeamento ao longo da semana.
A previsão da Prefeitura
de Boa Vista é que os dados do mapeamento sejam divulgados na segunda quinzena
de junho.
Essa ação municipal destoa
de outras recentes, como o fechamento das praças Simón Bolívar e
Capitão Clovis, locais nos quais a população venezuelana em situação de rua se
acumulava. Entidades da sociedade civil na cidade criticaram o formato da
intervenção, embora boa parte dos que vivam nas praças terem sido levados para
os abrigos administrados pelo ACNUR e pelo
Exército brasileiro.
Fonte: Migra Mundo
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