Dono de um dos bares mais tradicionais do Rio de Janeiro é ameaçado e preso após homenagear Marielle Franco. Tudo começou quando um policial federal que estava de folga consumindo no local não gostou do discurso do proprietário
Uma homenagem a Marielle Franco, assassinada na última semana, gerou confusão em um dos bares mais tradicionais de Copacabana e o dolo do estabelecimento acabou encaminhado à delegacia.
Tudo começou quando os músicos, em uma roda de samba, gritaram “Marielle, presente”. Alfredinho, 74, dono do bar Bip Bip, emendou um discurso lamentando a morte da vereadora e pediu um minuto de silêncio. No entanto, um policial federal que estava de folga consumindo no local não gostou, retrucou e a confusão foi formada.
Tudo começou quando os músicos, em uma roda de samba, gritaram “Marielle, presente”. Alfredinho, 74, dono do bar Bip Bip, emendou um discurso lamentando a morte da vereadora e pediu um minuto de silêncio. No entanto, um policial federal que estava de folga consumindo no local não gostou, retrucou e a confusão foi formada.
“E os 200 policiais mortos?”, gritou o policial Haroldo Ramos de Souza, de 55 anos. Uma musicista respondeu: “Marielle morreu por eles também“. No entanto, o homem já estava muito agressivo e não quis ouvir mais nada.
“O Alfredinho levantou e pediu para ele parar porque estava atrapalhando, as pessoas começaram a gritar que ele não era bem-vindo e a confusão durou uns 20 minutos”, contou uma testemunha.
O policial, que alega ter sido agredido, saiu do bar depois da confusão e voltou 30 minutos depois acompanhado de outros policiais federais e também de policiais militares.
“O policial voltou depois de meia hora e foi direto para o fundo, o Alfredinho estava saindo do banheiro. Ele foi para ameaçá-lo. Só consegui ouvir: ‘voltei e estou a fim de dar uns tiros’. Ficou levantando a camisa para mostrar a pistola. O bar esvaziou e ele discursando de dentro para fora”, contou Jean Marc Schwartzenberg, executivo que presenciou toda a confusão.
Conforme o registro de ocorrência, o policial alegou não ter condições de identificar quem lhe havia agredido fisicamente. Os policiais conduziram, então, o proprietário do bar, Alfredo Jacinto Melo, de 74 anos, conhecido como Alfredinho até a delegacia.
Na delegacia, Alfredinho relatou que o policial se exaltou durante a homenagem a Marielle e, armado, chegou a ameaçar efetuar disparos no local.
Abuso de autoridade
Em um vídeo (assista abaixo) que circula nas redes sociais, o policial federal discute com uma policial militar exigindo a condução de Alfredinho à delegacia. “
“Eu, policial rodoviária federal, estou conduzindo o dono do bar”, afirma ele à policial, além de questioná-la se ela sabe o que é prisão em flagrante.
O advogado Rodrigo Montego apontou abuso de autoridade por parte do policial: “Ele estava prendendo o Alfredinho por um crime que ele nem sabia dizer o que era”, criticou.
Ao sair da delegacia, Alfredinho, que não foi acusado de nada, lamentou o ocorrido e disse que, em 35 anos à frente do bar, nunca havia acontecido nada parecido.
Reduto do samba
O bar Bip Bip é um reduto de memoráveis rodas musicais comandado por Alfredo Jacinto Melo, o popular Alfredinho, cujo folclórico mau humor esconde um personagem de enorme generosidade.
No dia a dia, os presentes são apresentados ao, digamos, primeiro lado de sua personalidade. Conversas em voz alta durante a música inspiram duras repreensões. Nada de aplausos, para não incomodar a vizinhança: a dica é estalar os dedos.
Diversos nomes famosos da música brasileira como Geraldo Azevedo e Paulinho da Viola já se apresentaram no estabelecimento.
Fonte: Pragmatismo Político
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