A medida lembra em tudo a criminalização do samba, fenômeno das
primeiras décadas do século passado, onde um negro carregando um
instrumento musical poderia ser preso. Junto com os sambistas, iam de
cambulhada os capoeiras e praticantes de religiões afro-brasileiras.
Jogar a água suja fora com o bebê dentro. É disso que se trata a Sugestão Legislativa (SUG) 17/2017,
do cidadão Marcelo Alonso, que pretende transformar o funk em crime.
Antes tarde do que nunca, a Comissão de Direitos Humanos e Legislação
Participativa do Senado (CDH) aprovou nesta quarta-feira (21), um
requerimento para discutir a questão.
A medida lembra em tudo a criminalização do samba, fenômeno
das primeiras décadas do século passado, onde um negro carregando um
instrumento musical poderia ser preso. Junto com os sambistas, iam de
cambulhada os capoeiras e praticantes de religiões afro-brasileiras.
De acordo com a proposta, apoiada por 85% dos mais de 8 mil
internautas, os chamados bailes de “pancadões” estimulam a prática de
crimes contra crianças e adolescentes, promovendo o uso, venda e consumo
de álcool e drogas, bem como o agenciamento, orgia e exploração sexual.
Para virar projeto de lei, a sugestão ainda precisa ser
aprovada na CDH. Na Comissão, a matéria vai ser relatada pelo senador
Romário (PSB-RJ), que solicitou a audiência pública para discutir a
questão. Romário quer trazer para o debate no Senado o autor da
proposta, compositores e cantores de funk, além de antropólogos que
estudam o gênero musical. Entre os artistas listados pelo senador para
opinar sobre o assunto estão Anitta (foto), Nego do Borel e Valesca
Popozuda — expoentes do estilo musical.
Para Romário, é preciso avaliar em que medida os crimes
ocorridos durante ou após os bailes podem ser coibidos pelo Estado, sem
que seja necessária uma medida tão drástica como transformar o funk em
crime.
— Como carioca nato e eterno funkeiro, faço questão de defender essa bandeira — disse o senador.
Qualquer brasileiro pode apresentar ideias legislativas para
modificar ou criar novas leis. Se em um período de 4 meses essas ideias
receberem mais de 20 mil apoios são encaminhadas para a CDH e são
formalizadas. A sugestão de Marcelo Alonso teve quase 22 mil apoios.
A comissão ainda vai divulgar a data para realização da audiência.
Para votar na consulta pública, clique aqui.
*Com informações do Senado Noticias
Fonte: Revista Forum
Nenhum comentário:
Postar um comentário