Durante o Encontro de Militantes do PCdoB da cidade de São Paulo, o presidente denunciou a essência do programa da direita que é “composta por partidos da oposição, setores do judiciário e da grande imprensa do país”, ressaltou Renato.
Rabelo: “Precisamos fazer uma contraofensiva e temos que usar tudo o que é possível, tudo o que temos de comunicação e as mobilizações”.
O encontro reuniu cerca de 200 militantes de diversificadas bases e movimentos de atuação para debater os desafios da legenda na batalha eleitoral e a renovação das linhas de acumulação e crescimento do Partido na maior cidade do país.
De acordo com o líder comunista, o Brasil passou por uma situação de grande mudança e a vida melhorou para mais de 80 por cento da população brasileira, sendo que a ascensão foi de massa, não individual. O Brasil de hoje não é mais o país de 12 anos atrás. “Na opinião da direita, esse período foi de gastança, intervencionismo estatal e que tem que exatamente recompor tudo isso dando um grande choque fiscal”.
Na discussão sobre o cenário político nacional e as eleições que ocorrerão neste ano, Renato falou aos militantes que o país vive uma encruzilhada política, porque em última instância, as forças conservadoras propõem a volta das políticas de 1990, que tinha o mercado no centro, por isso eles combatem o intervencionismo estatal de Dilma. “Não só as implantadas no nosso país, mas também a política externa daquele período, que era de inteira submissão”.
“Não é por acaso que o próprio Aécio manda chamar Fernando Henrique Cardoso, não é por acaso que tanto Aécio como o próprio Eduardo Campos vai buscar a turma de Fernando Henrique, todos os grupos do ex-presidente que governavam com ele a Casa das Garças do Rio de Janeiro e o próprio Instituto de Fernando Henrique, porque são pessoas que compunham o centro político de Fernando Henrique”, relatou Renato Rabelo.
Para o presidente o objetivo do conjunto de oposição, concepção política que vai além dos tradicionais partidos de direita, “é barrar a qualquer modo uma nova vitória das forças que chegaram ao centro do poder em 2002, com a vitória de Luís Inácio Lula da Silva”.
“Para eles é impensável que essas forças permaneçam 16 anos no poder central do país, porque se a Dilma é reeleita vai ser justamente esse tempo e isso não aconteceu nem na história da monarquia do Brasil. Então, para eles, a continuação de forças contrárias ao interesses deles, que sempre mandaram e têm grande força no Estado brasileiro, é algo insuportável”, afirmou o presidente nacional.
Rabelo lembrou que a Petrobras sempre vira pauta em ano eleitoral. Nas manchetes dos jornais durante vários dias, a estatal passou a ser o instrumento da vez.
“O que eles querem? É acabar com a Petrobras, é esse o objetivo, de enfraquecer a Petrobras para dizer o seguinte: Vocês disseram que a empresa tinha quer ser estatal, olha o que deu a empresa. Eles pegaram a Petrobras para tentar criar esse clima de suspensão contra o governo e os partidos da base”, destacou Renato.
Grande e velha mídia
Amplificadora das bandeiras oposicionistas, a participação da grande mídia e a necessidade da reforma da comunicação são centrais para Renato. Ao citar uma fala do economista Delfim Neto em que declara que “a força da burguesia é exercida primordialmente por meio da grande imprensa”, o comunista apresentou que nesse assunto reside uma dificuldade da forças progressistas, pois não há nenhum meio independente para equilibrar a disputa na comunicação.
“No tempo de Getúlio Vargas ele conseguiu. O Samuel Wainer que era um grande jornalista e tinha um jornal de expressão nacional, porque naquele momento, a grande mídia eram os grandes jornais. Goulart também contou com o Última Hora. Hoje nós não temos um aparato, digamos assim, no nível dessa mídia moderna composta por todos esses vetores da comunicação que são bastantes importantes para atingir camadas da nossa população”, falou.
Segundo o presidente há um movimento organizado dos grupos da grande imprensa. “Há uma orquestração, um movimento uníssono dessa grande mídia em veicular ideias de que esgotou o projeto que começou com o Lula; a presidenta atual é incompetente; estamos caminhando para um grande desastre. É esse tipo de manchete que eles veiculam de manhã, tarde e noite”.
“Temos que saber responder e enfrentar. Precisamos fazer uma contraofensiva e temos que usar tudo o que é possível, tudo o que temos de comunicação e as mobilizações. São três questões que consideramos importantes para alcançar os nossos objetivos. Primeiro, ter bandeiras justas, seguido de mobilização popular e terceiro, o governo assumindo isso. Se juntar tudo isso é uma grande paulada na direita”, orientou Rabelo.
A importância de São Paulo
Dirigido por muitos quadros da direita, o estado de São Paulo é peça fundamental para impor uma derrota para as forças de direita. Governado por mais de 20 anos sob a orientação neoliberal de mais mercado e menos Estado, as contradições desse projeto são cada dia mais evidentes, como os casos de corrupção e até da falta de água no maior estado da federação.
Segundo o presidente estadual do PCdoB, Orlando Silva, de qualquer anglo de observação das políticas sociais, o estado de São Paulo está estagnado ou retrocedendo. “Eles tentam criar a ideia de que eles são éticos e eficientes, mas quando vejo as notícias do estado, percebo que o dinheiro que está faltando para financiar trem e metrô no estado, está indo para financiar a campanha do PSDB. E é isso que mantêm eles no poder há mais de 20 anos”.
“Nós nunca reunimos tantas condições para derrotar os tucanos em São Paulo. Apesar da força brutal que eles ainda têm, nós ganhamos a eleição na Capital, na maioria dos grandes centros no estado, ocupamos uma posição importante em Jundiaí. Portanto, nós reunimos condições, pela ampliação de influência política, pela organização dos movimentos sociais e pela realidade do estado de virar essa página”, avaliou o presidente estadual.
A divisão da base de Geraldo Alckmin também é uma contradição a ser explorada. “A candidatura do presidente da FIESP, Paulo Skaff, o qual o PCdoB mantém diálogo porque acredita que é importante a oposição inteira conversar, ter pontes para derrotar os tucanos”.
A mesma avaliação é feita sobre a candidatura de Gilberto Kassab. “Na outra eleição, Kassab votou 45, mas não vai votar nessa e isso é bom”.
Para o presidente Jamil Murad, entender esse cenário era um dos objetivos da atividade. “O Partido existe para tomar posição e defender os trabalhadores, a nossa democracia e o nosso país. Por isso, fico feliz em ver que a militância assumiu o compromisso de construir essa grande atividade”.
O objetivo específico da sigla nas eleições deste ano é contribuir na eleição de 20 deputados federais, dos quais três de São Paulo, e ampliar a bancada na Assembleia Legislativa do estado.
Fonte: Blog do Renato Rabelo
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