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terça-feira, 28 de agosto de 2018

Política mineira ainda vive desafio da representatividade


Maioria na população, mulheres encontram dificuldades nos partidos para se candidatarem com competitividade em relação aos homens
O envolvimento na política é tido nacionalmente como tradicional na cultura mineira. Um olhar atento de quem convive com a vida partidária ou de quem acompanha o cenário em período eleitoral mostra que o interesse pode até ser comum à grande maioria dos mineiros, mas a participação de homens e mulheres não é tão democrática assim. Em 2018, os partidos ainda têm o desafio de tornar a formação de lideranças mais igualitária e acessível para elas. Nas últimas eleições gerais, de 2014, por exemplo, do total de eleitos em Minas, apenas 8,2% foram mulheres. O índice ficou abaixo do nacional, que foi de 13,6%.
O envolvimento na política é tido nacionalmente como tradicional na cultura mineira. Um olhar atento de quem convive com a vida partidária ou de quem acompanha o cenário em período eleitoral mostra que o interesse pode até ser comum à grande maioria dos mineiros, mas a participação de homens e mulheres não é tão democrática assim.
Em 2018, os partidos ainda têm o desafio de tornar a formação de lideranças mais igualitária e acessível para elas. Nas últimas eleições gerais, de 2014, por exemplo, do total de eleitos em Minas, apenas 8,2% foram mulheres. O índice ficou abaixo do nacional, que foi de 13,6%.
A baixa representatividade feminina nos cargos eletivos passa por uma série de fatores, alguns com origem interna nos partidos. “São muitos e históricos os pontos que contribuem para a baixa presença das mulheres em cargos eletivos. Um deles é a atuação das próprias lideranças, que ainda não investem tanto na capacitação e formação das mulheres e para que elas ocupem cargos”, avalia a cientista política Maria do Socorro Braga, professora da Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR). “Infelizmente, ainda vemos o machismo presente dentro das máquinas partidárias. Até hoje não houve um investimento para que as mulheres se sintam capazes e tenham instrumentos e capital necessário para serem candidatas competitivas. Sem isso, elas não disputam em pé de igualdade”, ressalta.
No Legislativo e no Executivo, essas dificuldades se expressam em mais números. Na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, entre as 77 cadeiras, seis são ocupadas atualmente por mulheres. Em Brasília, dos 53 deputados federais mineiros, cinco são mulheres.
O problema é antigo. Desde 1982, os mineiros elegeram apenas 21 mulheres para a Câmara. O Estado nunca teve uma governadora. Desde a redemocratização, foram apenas duas senadoras. Os dados surpreendem ainda mais considerando que elas são a maioria do eleitorado. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral, em 2018, as mineiras representam 51,9% do eleitorado do Estado.
  


O papel da mulher
A professora Maria do Socorro Braga observa, contudo, que o número de candidatas ainda é pequeno em função da própria vida da mulher na sociedade. Ela pontua, por exemplo, a profissionalização e a ocupação de cargos de chefia em outras áreas. “Para chegar neste patamar profissional, a mulher investiu tempo e formação. Abrir mão disso em um ambiente que já é machista acaba afetando boas candidaturas femininas”, avalia.
A cientista política cita ainda o papel da mulher na família como outro fator que contribui para a desigualdade de gênero na política. “Para quem já trabalha e cuida da casa, assumir um terceiro turno, o da política, se torna mais difícil”, aponta a especialista.
Apesar de histórico, o cenário não está fadado a ser eternamente desigual. Algumas novas leis tentam mudar este quadro, como a que determina que ao menos 30% das candidaturas têm que ser do gênero feminino e a que obriga que 30% dos recursos destinados à campanha sejam aplicados em pleitos de mulheres. “A gente tem alguns dispositivos. Mas, se os partidos insistirem em burlar a lei com candidatas-laranja, não vai adiantar. É preciso que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) fiscalize e puna com rigor”, avalia.
A mudança de postura e a cultura da escolha das candidaturas dentro dos partidos também precisa estar alinhada com uma maior participação do eleitor. “Temos hoje um eleitorado apático e estratificado. É  importante ter uma percepção diferenciada sobre as candidaturas. Do ponto de vista democrático, é fundamental que os diversos segmentos estejam representados”, pontua Maria do Socorro. Para a professora, o eleitor precisa ter exemplos de bom desempenho de candidatas, por isso é estratégico para os partidos mostrarem nas campanhas a capacidade das mulheres que já ocuparam cargos dentro da sigla, em esferas públicas ou privadas. “Acredito que elas serão fundamentais para disputar as políticas que melhor atendam a sociedade com projetos nacionais não só para o segmento feminino, mas para todos que precisam de uma vida melhor”, finaliza.
Fonte: O Beltrano

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