Filho de Jair Bolsonaro distorce comentário de Joanna Maranhão sobre pedofilia e atleta passa a ser ameaçada e atacada nas redes sociais por algo que não disse
A atleta olímpica Joanna Maranhão passou a sofrer ameaças e ataques nas redes sociais depois que um comentário de sua autoria sobre pedofilia foi distorcido pelo vereador Carlos Bolsonaro, um dos filhos de Jair.Abusada na infância, a nadadora discorria sobre pedofilia em postagens no Twitter, quando teve uma de suas colocações retirada de contexto.
“Pedofilia é um distúrbio, e existem (minoria mas existem) adultos que sentem atração sexual por crianças (pedófilos) e reprimem esse desejo, ou seja, são pedófilos mas não são abusadores […] E quem afirma isso não sou eu, são especialistas da área jurídica e médica. Existem crianças que foram abusadas que se tornam abusadores por acreditarem que esse comportamento seja ‘normal’, normatizam violência”, diz um trecho da publicação de Joanna.
Momentos depois, Carlos Bolsonaro fez um recorte superficial da fala de Joanna e publicou, para seus seguidores, a seguinte manchete: “Filiada ao PSOL defende que nem toda pedofilia é abuso!”.
Joanna divulgou os prints dos ataques que sofreu via Instagram. “Puta, vagabunda, safada”, dizia um dos homens que a ofendeu. “Bolsonaro pra dizimar pessoas como você. Tomara que arrombem seu cu”, disse outro.
Após conversar com um dos agressores para explicar que suas palavras tinham sido tiradas de contexto, Joanna disse que ele admitiu finalmente ter entendido o que ela quis dizer e se desculpou pelas ofensas.
“Minha psicóloga disse que não entende como consigo conversar com quem já chega agredindo. Às vezes nem eu. Mas é preciso tentar esse diálogo”, explicou ela.
Solidariedade
Agredida de um lado, Joanna também recebeu a solidariedade de muitos internautas. Até mesmo os presidenciáveis Guilherme Boulos (PSOL) e Manuela D’Ávila enviaram mensagens de apoio à nadadora.
“Toda solidariedade à amiga Joanna Maranhão, alvo mais recente da máquina de Fake News que é a família Bolsonaro. Joanna é referência na luta contra a pedofilia e merece todo o nosso respeito e admiração”, escreveu Boulos.
“Símbolo da luta contra a pedofilia — que inclusive tem uma lei de combate a este crime com seu nome — está sendo vítima de ódio nas redes por uma fake news espalhada por Carlos Bolsonaro. Que cruel. Força, Joanna”, publicou Manuela.
Abusos na infância
Joanna Maranhão foi molestada sexualmente por um ex-treinador quando tinha nove anos de idade. Em 2012, uma lei federal que leva o seu nome foi aprovada em Brasília.
A Lei Joanna Maranhão é considerada um marco e alterou o tratamento da Justiça a crimes de pedofilia e também estupro e atentado violento ao pudor praticados contra menores de idade.
A Lei 12.650 defende ainda que a contagem de tempo de prescrição dos crimes sexuais contra crianças e adolescentes começa na data em que a vítima completar 18 anos, caso o Ministério Público não tenha aberto ação penal contra o agressor anteriormente.
um dos xingamentos que recebi no inbox do insta foi: “puta, safada, vagabunda, Bolsonaro vem aí pra dizimar pessoas como você, vai tomar no cu”. Respirei fundo e tentei conversar (pq não era um fake) por incrível que pareça e com MUITA paciência, ele leu o que escrevi (...)— Joanna Maranhão (@Jujuca1987) 18 de julho de 2018
assistiu a live que fiz no insta e voltamos a conversar depois. Ele pediu desculpas, disse que entendeu agora o que eu estava querendo dizer, que tinha ficado chocado com o print, sugeriu que eu fizesse uma postagem explicando tudo (...)— Joanna Maranhão (@Jujuca1987) 18 de julho de 2018
assistiu a live que fiz no insta e voltamos a conversar depois. Ele pediu desculpas, disse que entendeu agora o que eu estava querendo dizer, que tinha ficado chocado com o print, sugeriu que eu fizesse uma postagem explicando tudo (...)— Joanna Maranhão (@Jujuca1987) 18 de julho de 2018
É difícil, e de mais de 5 mil comentários de ódio que recebi, esse foi um dos pouquíssimos que consegui desenvolver um diálogo. Minha psicóloga disse que não entende como consigo conversar com quem já chega agredindo (...)— Joanna Maranhão (@Jujuca1987) 18 de julho de 2018
É difícil, e de mais de 5 mil comentários de ódio que recebi, esse foi um dos pouquíssimos que consegui desenvolver um diálogo. Minha psicóloga disse que não entende como consigo conversar com quem já chega agredindo (...)— Joanna Maranhão (@Jujuca1987) 18 de julho de 2018
às vezes nem eu. Mas é preciso tentar esse diálogo. Esse homem tem direito de votar em quem ele quiser. A única coisa que eu pedi pra ele foi: da próxima vez que você discordar de alguém na internet, não aborde com agressão, pelo menos TENTE ouvir o que a pessoa tem a dizer.— Joanna Maranhão (@Jujuca1987) 18 de julho de 2018
às vezes nem eu. Mas é preciso tentar esse diálogo. Esse homem tem direito de votar em quem ele quiser. A única coisa que eu pedi pra ele foi: da próxima vez que você discordar de alguém na internet, não aborde com agressão, pelo menos TENTE ouvir o que a pessoa tem a dizer.— Joanna Maranhão (@Jujuca1987) 18 de julho de 2018
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