Mulher do bicheiro deve adotar a tática do companheiro e se recusar a responder às perguntas, mas deputado quer assegurar, via STF, o direito de questioná-la. Araponga também é esperado no Congresso
Andressa (D) teve que pagar fiança de R$ 100 mil após ser acusada de tentar chantagear o juiz Alderico Rocha Santos |
Um deles é Onyx Lorenzoni (DEM-RS). O deputado, inclusive, entrou com pedido de liminar no STF para ter assegurado o direito de questionar, mesmo que os depoentes estejam munidos de habeas corpus. “Entrei com o pedido antes mesmo do recesso parlamentar. Até agora, o STF não decidiu sobre essa questão. Amanhã (hoje) cedo, meu advogado vai ao Supremo conversar com a ministra Rosa Weber. Entendo que deveremos fazer perguntas. O silêncio fala e pode modificar o relatório da CPI no fim dos trabalhos”, alegou o deputado.
Andressa será ouvida na CPI na condição de investigada. Por isso, ela pode ficar em silêncio, conforme a Constituição Federal, para não produzir provas contra si mesma. O advogado da mulher do bicheiro, Gerardo Grossi, solicitou, na sexta-feira passada, que o depoimento fosse adiado. O presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), negou o pedido. O senador Randolfe Rodrigues (PSol-AP) alegou que o depoimento de Andressa é um dos mais importantes até o momento. “Ela vem na condição de investigada. Ela não é testemunha aqui na CPI. O papel não era apenas o de pombo-correio. O depoimento passa a ser um dos mais importantes.”
Dossiê
A mulher do contraventor foi acusada de chantagear o juiz Alderico Rocha Santos, da 11ª Vara Federal de Goiânia. Ela teria ameaçado divulgar um suposto dossiê contra o magistrado caso ele não favorecesse Cachoeira no julgamento. Andressa teve que pagar fiança de R$ 100 mil para não ficar presa.
Acusado de ser um dos arapongas de Cachoeira, o policial federal aposentado Joaquim Gomes Thomé Neto está munido de habeas corpus. Informações extraoficiais apontam que, mesmo assim, ele deve falar apenas no início do depoimento. Há a expectativa de que ele se limite a ler um texto com os principais pontos da defesa. Em seguida, não deve responder a nenhum questionamento feito pelos integrantes da comissão.
Amanhã, estarão na CPI a ex-mulher do bicheiro Andréa Aprígio e o contador das empresas fantasmas do esquema, Rubmaier Ferreira de Carvalho. Os dois conseguiram habeas corpus e devem permanecer em silêncio.
As convocações do dono da Delta Construções, Fernando Cavendish, e do ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) Luiz Antônio Pagot, mesmo já aprovadas, ainda não têm data para ocorrer. Durante coletiva de balanço dos trabalhos de investigação do primeiro semestre, o senador Vital do Rêgo havia assegurado que iria priorizar a convocação de pessoas que estivessem dispostas a falar. Pagot já declarou várias vezes que pretende contribuir com o trabalho de investigação dos parlamentares.
O silêncio dos acusados
Das 23 pessoas convocadas pela CPI, 12 não se pronunciaram e duas se limitaram a ler textos com os principais pontos da defesa. Outras nove prestaram depoimento ao colegiado. Confira quem não respondeu aos questionamentos dos parlamentares:
- Carlos Augusto Ramos, o bicheiro Carlinhos Cachoeira, acusado de ser o chefe da organização criminosa
- Cláudio Abreu, ex-diretor da Delta no Centro-Oeste
- Demóstenes Torres, ex-senador, apontado como o braço político da quadrilha
- Écio Antônio Ribeiro, dono da empresa Mestra, que comprou, oficialmente, a casa de Perillo
- Eliane Pinheiro, ex-chefe de gabinete de Perillo
- Gleyb Ferreira da Cruz, um dos responsáveis pelas movimentações financeiras da quadrilha
- Idalberto Matias de Araújo, o Dadá, responsável pelas escutas clandestinas
- João Carlos Feitosa, o Zunga, ex-subsecretário de Esporte do Distrito Federal
- José Olímpio de Queiroga Neto, um dos gerentes da organização criminosa
- Lenine Araújo de Souza, contador da organização (apenas leu a sua defesa)
- Lúcio Fiuza Gouthier, ex-assessor do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB)
- Marcelo de Oliveira Lopes, ex-assessor da Casa Militar do Distrito Federal
- Rodrigo Moral Dall Agnol, contador da Delta
- Wladimir Garcez, ex-vereador de Goiânia, ligado a Cachoeira (apenas leu a própria defesa).
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