O senador mineiro Carlos Viana (PSD) – que protocolou o pedido de
instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar a
tragédia da Vale, em Brumadinho – recebeu doações de um representante
da mineração no período eleitoral de 2018.
Na época, Viana ainda era filiado ao PHS e, segundo o
Tribunal Superior Eleitoral (TSE), recebeu o valor de R$ 100 mil do
executivo Luís Fernando Franceschini, diretor do Grupo Biogold. A
empresa é um fundo de investimento em projetos de exploração mineral e
de mineração.
Franceschini foi responsável pela terceira maior doação ao senador,
12% do total destinado a Viana. A doação ficou atrás apenas dos
diretórios nacional e regional do partido, que doaram R$ 200 mil e R$
158 mil, respectivamente.
O senador informou que o dinheiro foi viabilizado pelo seu ex-partido e que o recurso foi devidamente declarado ao TSE.
“A referida doação foi viabilizada pelo PHS, agremiação da qual me
desliguei antes da posse no Senado Federal, que indicou Franceschini
como um advogado e professor universitário que tinha interesse em fazer
doações a candidatos do partido. Somente hoje tomei conhecimento de que
ele é sócio de um fundo de investimentos na área da mineração”, diz
Viana.
O senador ainda negou que tenha relações com o executivo. “Esclareço
ainda que nunca me encontrei com o Sr. Luís Fernando Franceschini, nunca
conversei com ele e que todas as referências a ele me foram
transmitidas pelos dirigentes do partido ao qual pertenci. Não tenho
conhecimento de qualquer fato que o desabone”, afirma.
Por fim, Viana reafirmou o compromisso com a CPI das Barragens. “A
investigação atuará de forma transparente, sem qualquer tentativa de
espetacularização, ou com interesses que não se relacionem
exclusivamente ao propósito de evitar novas tragédias com as que
atingiram as cidade de Brumadinho e Mariana”, ressaltou o senador.
Ao jornal Estado de São Paulo, o executivo Luís Fernando Franceschini disse que fez a doação por acreditar que Viana representaria uma renovação.
Nota do senador Carlos Viana
“Logo que fui indicado pelo meu partido como integrante da
Comissão Parlamentar de Inquérito que investigará o acidente de
Brumadinho, tornei-me um parlamentar sujeito ao escrutínio daqueles que
esperam transparência dos agentes políticos. É bom que seja assim.
Uma nota publicada no jornal O Estado de S. Paulo questionou uma
doação recebida por minha campanha a senador, como se o fato pudesse
sugerir alguma ação reprovável do ponto de vista ético. O sr. Luis
Fernando Franceschini da Rosa doou R$ 100 (cem mil reais) à minha
candidatura, recurso devidamente declarado ao Tribunal Superior Eleitor,
com o cumprimento de todos os requisitos legais.
A referida doação foi viabilizada pelo Partido Humanista da
Solidariedade (PHS), agremiação da qual me desliguei antes da posse no
Senado Federal. O sr. Luis Fernando foi a mim indicado pelo partido como
um advogado e professor universitário que tinha interesse em fazer
doações a alguns candidatos do PHS. Somente agora tive a informação de
que ele é sócio de um fundo de investimentos em mineração.
Esclareço que nunca me encontrei com o sr. Luis Fernando
Franceschini da Rosa, nunca conversei com ele, e que todas as
referências dele me foram transmitidas pelos dirigentes do partido ao
qual pertenci. Entretanto, não tenho conhecimento de qualquer informação
que o desabone. Não aceito que se produzam ilações a partir de uma
doação absolutamente legal, aprovada pela justiça eleitoral.
Reafirmo o compromisso de trabalhar para que a CPI das Barragens
atue de forma transparente, sem qualquer tentativa de espetacularização,
ou com interesses que não se relacionem exclusivamente ao propósito de
evitar novas tragédias como as que atingiram as cidades de Mariana e
Brumadinho. É por esse motivo que o primeiro requerimento que
apresentarei à CPI solicitará a presença de representantes do Ministério
Público e da Polícia Federal para acompanhar os trabalhos da comissão”.
Fonte: BHAZ
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