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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

Monsanto no banco dos réus: fazendeiro culpa glifosato pelo câncer que o vitimou

Enquanto isso, no Brasil, a Anvisa acaba de concluir que não há evidências de que o produto faça mal à saúde


Um julgamento que começou nesta segunda-feira nos EUA coloca mais uma vez a multinacional do veneno Monsanto no banco dos réus. O fazendeiro norte-americano Edwin Hardeman, de 70 anos, acusa o pesticida Roundup (nome comercial do glifosato) de ser o responsável pelo câncer que lhe afeta, diagnosticado em 2015. Em 2015, a Agência Internacional Para Pesquisa do Câncer da Organização Mundial de Saúde já associou o uso de glifosato à doença, mas a empresa continua negando que o produto seja cancerígeno.
Um julgamento que começou nesta segunda-feira nos EUA coloca mais uma vez a multinacional do veneno Monsanto no banco dos réus.
O fazendeiro norte-americano Edwin Hardeman, de 70 anos, acusa o pesticida Roundup (nome comercial do glifosato) de ser o responsável pelo câncer que lhe afeta, diagnosticado em 2015. Em 2015, a Agência Internacional Para Pesquisa do Câncer da Organização Mundial de Saúde já associou o uso de glifosato à doença, mas a empresa continua negando que o produto seja cancerígeno.
Hardeman usou o Roundup, o pesticida mais vendido do mundo e campeão de vendas no Brasil, onde é comercializado livremente, durante 30 anos em sua propriedade em Sonoma, ao norte de São Francisco. Ele acusa a empresa de não ter fornecido “advertências e precauções adequadas que fizessem com que ele usasse o produto com mais segurança”. Hardeman foi diagnosticado com um linfoma não-Hodgkin, câncer associado à exposição de produtos químicos. Um estudo divulgado este ano diz que a exposição ao glifosato aumenta em 41% o risco de um linfoma não-Hodgkin.
'Estudo divulgado este ano diz que a exposição ao glifosato aumenta em 41% o risco de um linfoma não-Hodgkin, o câncer que atinge o fazendeiro Edwin Hardeman, que processa a Monsanto
A Monsanto afirma ter estudos que provam que o glifosato é seguro, mas o advogado do fazendeiro diz o contrário. “Há uma montanha de evidências. Esta companhia precisa ser honesta com os consumidores e dizer: ‘olha, há evidências de que isto está associado ao câncer’ e deixar as pessoas escolherem se querem ou não fazer uso deste produto”, disse Brent Wisner do lado de fora do julgamento.
Em agosto do ano passado, um júri em São Francisco condenou por unanimidade a Monsanto a pagar 289 milhões de dólares de indenização a Dewayne “Lee” Johnson, determinando que foi o glifosato que causou seu linfoma não-Hodgkin, e que a empresa deveria saber do perigo que o produto representa para a saúde das pessoas. A indenização foi reduzida em um segundo julgamento para 78 milhões de dólares, e a Monsanto continua apelando.
Há cerca de 9 mil ações nas cortes dos EUA atualmente movidas por pessoas que acreditam ter ficado doentes por causa do Roundup. O caso de Johnson foi o primeiro a ser julgado. Já o julgamento do processo movido por Edwin Hardeman, que pode durar um mês, é considerado ainda mais importante por se passar em uma corte federal com vários casos à espera. “Se ganharmos, isso será um sinal para a Monsanto e especificamente para a Bayer (que comprou a empresa) de que eles estão com um problema real”, disse o advogado Wisner.

Esta companhia precisa ser honesta com os consumidores e dizer: 'olha, há evidências de que isto está associado ao câncer' e deixar as pessoas escolherem se querem ou não fazer uso deste produto’

Enquanto isso, no Brasil, a Anvisa acaba de reavaliar o glifosato e concluir que não há evidências de que o produto cause mal à saúde. Seu uso, portanto, continua permitido em todo o país. A agência propõe apenas algumas restrições à substância, como a proibição da venda para uso doméstico de forma concentrada. A decisão final sobre o glifosato, no entanto, só será tomada após o período de consulta pública que a agência abrirá por 90 dias para que a sociedade possa se manifestar.
Desde que assumiu, o governo Bolsonaro já liberou 86 substâncias químicas para serem usadas livremente na produção de alimentos e enviou 241 para análise. Entre as novas aprovações está um ingrediente ativo que é novo no país: o Sulfoxaflor, que já teve seu registro cassado nos EUA por ser potencialmente danoso às abelhas. 43% das novas aprovações são de ingredientes considerados altamente ou extremamente tóxicos, segundo o Greenpeace.

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