Após mais de 15 empresas prometerem cortar anúncios, jornal tenta criminalizar ativistas que pressionam pela demissão de Constantino
Da noite de quarta, 11, para quinta-feira, 12 de novembro, o centenário jornal curitibano, assumidamente conservador e hoje dominado por uma família ligada à Opus Dei, disparou mais de 40 tweets contra o Sleeping Giants Brasil, a quem chama de “milicianos digitais”. O jornal obteve o apoio, na rede social, do ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, Sérgio Moro.
As declarações de Rodrigo Constantino no caso Mariana Ferrer merecem total repúdio, mas não se justifica a campanha do Sleeping Giants contra a Gazeta do Povo, jornal paranaense centenário. Compreendo a campanha contra ódio na rede, mas a Gazeta é um alvo errado.
— Sergio Moro (@SF_Moro) November 12, 2020
A declaração, vista como apologia ao estupro, caiu muito mal para Constantino e ele foi demitido da Jovem Pan e outros veículos nos quais colaborava, mas não da Gazeta.
Rodrigo Constantino dizendo que se a filha fosse estuprada em circunstâncias que ele não aprovasse, a colocaria de castigo e não denunciaria os estupradores
— Mov. Jairmearrependi #FlavioNaCadeia (@jairmearrependi) November 4, 2020
JOVEM PAAAAN! pic.twitter.com/6m77gwNvNR
No twitter, o Sleeping Giants está marcando empresas para que deixem de anunciar na Gazeta como forma de pressão pela demissão de Constantino, contra quem usam a tag #DemiteConstantinoGazeta desde a divulgação do vídeo, na semana passada. Eles então divulgam a resposta das empresas que cederam à pressão, como a Heinz e a Credicard, que prometeram não anunciar mais na Gazeta do Povo.
A @br_heinz bloqueou os seus anúncios na @gazetadopovo porque acredita no respeito acima de tudo e não compactua com a postura do jornalista da empresa. Agradecemos o apoio e #demiteConstantinoGazeta! ✊🏽 #demiteConstantinoGazeta https://t.co/kP75yVSLNe
— Sleeping Giants Brasil (@slpng_giants_pt) November 7, 2020
A @credicard em defesa do respeito às mulheres já confirmou que tomou providências em relação aos seus anúncios na @gazetadopovo, jornal que mantém Rodrigo Constantino, mesmo após as falas de culpabilização da vítima de estupro. Agradecemos o apoio✊🏽 #DemiteConstantinoGazeta https://t.co/eDqbGXamda
— Sleeping Giants Brasil (@slpng_giants_pt) November 11, 2020
O anonimato dos perfis é uma das características do movimento nos EUA, França, Alemanha, Suécia e em pelo menos outros 10 países. Logo que surgiu no Brasil, o grupo incomodou os bolsonaristas, que, segundo o site The Intercept Brasil, acionaram a Polícia Federal para descobrir quem seriam os donos do perfil. O Intercept descobriu ainda que o delegado que investigou o grupo é cunhado de um blogueiro chapa-branca do presidente. A disputa com um dos pilares midiáticos do bolsonarismo deve reacender a sanha da extrema direita judicial para cima do perfil –ainda mais agora, com o apoio de Moro.
Ao mesmo tempo que se queixa de ter sua liberdade expressão atacada, a Gazeta, que não existe mais diariamente em papel desde 2017, quando sua circulação, em queda livre havia duas décadas, tinha minguados 33 mil exemplares, e que cancelou em agosto a edição semanal, está aproveitando para promover uma campanha por novos assinantes digitais.
EDITORIAL: A milícia digital anônima contra a liberdade de expressão
— Gazeta do Povo (@gazetadopovo) November 12, 2020
Leia o editorial da Gazeta do Povo sobre as ações do @slpng_giants_pt: https://t.co/WiRiAlX5Vf pic.twitter.com/tzgPB0cBx9
A Gazeta do Povo tem o direito de manter o colunista que culpabiliza a vítima de estupro, assim como seus anunciantes, empresas privadas, também têm o direito de repudiar a decisão do jornal e por isso o Sleeping Giants Brasil resolveu ouvi-las sobre o caso. Isso é censura?🤔✊🏽 pic.twitter.com/v9KiOPZGc8
— Sleeping Giants Brasil (@slpng_giants_pt) November 12, 2020
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