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quinta-feira, 12 de novembro de 2020

Lutando contra desinformação e checando fatos nas eleições de Mianmar

Verificação de fatos: desafio em comunidades sob conflito armado

Desde então, empresas de tecnologia como o Facebook garantiram que irão adotar medidas para evitar a desinformação. Em agosto, o Facebook anunciou um conjunto de medidas divulgadas como um preparativo para as eleições de 8 de novembro em Mianmar, como a remoção de “informações incorretas verificáveis e boatos não verificáveis com potencial para suprimir o voto ou prejudicar a integridade do processo eleitoral”, uso de inteligência artificial para identificar discurso de ódio em 45 línguas, incluindo birmanês, restrição para o máximo de cinco vezes que uma mensagem pode ser encaminhada no Facebook, sendo este “um método que, comprovadamente, pode desacelerar a divulgação em massa de informações incorretas”, e uma parceria com três equipes nacionais de checagem de dados.
Além do Facebook, diversos grupos iniciaram operações de checagem de fatos durante o período de campanha eleitoral.

A checagem de fatos é um processo básico de verificação para expor desinformação. Isso é importante para Mianmar desde que atos de violência comunal, que nos últimos anos tiveram como alvo comunidades de minorias étnicas, foram parcialmente atribuídos ao uso de plataformas de redes sociais para a disseminação de discursos de ódio e desinformação.

Desde então, empresas de tecnologia como o Facebook garantiram que irão adotar medidas para evitar a desinformação. Em agosto, o Facebook anunciou um conjunto de medidas divulgadas como um preparativo para as eleições de 8 de novembro em Mianmar, como a remoção de “informações incorretas verificáveis e boatos não verificáveis com potencial para suprimir o voto ou prejudicar a integridade do processo eleitoral”, uso de inteligência artificial para identificar discurso de ódio em 45 línguas, incluindo birmanês, restrição para o máximo de cinco vezes que uma mensagem pode ser encaminhada no Facebook, sendo este “um método que, comprovadamente, pode desacelerar a divulgação em massa de informações incorretas”, e uma parceria com três equipes nacionais de checagem de dados.
Além do Facebook, diversos grupos iniciaram operações de checagem de fatos durante o período de campanha eleitoral.

A Global Voices entrevistou Thet Min, verificador de fatos do site de notícias de verificação de fatos Real or not, sobre os esforços para expor a desinformação em Mianmar. O Real or not é um projeto da Organização TIC para o Desenvolvimento de Mianmar (MIDO).

A equipe de checagem de fatos da MIDO direciona seu trabalho utilizando estas três perguntas:

"1. Relevância: por que esta história precisa ser verificada?
2. Metodologia: como é possível verificar esta história?
3. Real ou não: baseado nas evidências encontradas, quais são os fatos?"

MIDO e sua equipe de checagem de fatos também engajam seus usuários por meio de uma caixa de mensagens.

Eles utilizam fontes oficiais do governo e notícias da mídia popular para verificar conteúdos virais reportados como falsos. Caso necessário, contatam diretamente os indivíduos relevantes antes de concluírem um relatório. 

Thet Min complementa com mais informações sobre seu trabalho:

"Como política da nossa equipe de checagem de fatos, nosso foco é nos conteúdos de maior repercussão nas redes sociais que podem ter impacto negativo frente à situação social e política do país."

Thet Min enfatiza a importância do trabalho que eles estão desenvolvendo previamente às futuras eleições:

"Informações falsas podem mudar as intenções de voto no período eleitoral."

Um dos relatórios que eles publicaram refere-se à Radio Free Mianmar, que possui uma logomarca similar à do site de notícias Radio Free Asia, e que foi denunciado por publicar informações falsas sobre as eleições.

"Há cerca de duas semanas, descobrimos um site notícias falsas que faz cerca de 10 novas publicações por dia. O site imita a logomarca da Radio Free Asia e ataca o partido Liga Nacional Pró-Democracia (NLD), grupos étnicos armados, grupos da sociedade civil e a mídia, incluindo verificadores de fatos, com informações falsas."

O NLD é o partido governante de Mianmar, que na eleição geral de 2015 derrotou um partido que tinha o apoio militar. O NLD continua a ser alvo de desinformação originada de fontes alegadamente vinculadas ao exército.

Mas o governo, comandado pelo NLD, também é acusado de bloquear mais de 200 sites que continham desinformações, mesmo que na lista estivessem inclusos sites de notícias referentes a assuntos étnicos que forneciam cobertura independente em regiões remotas. O site Justice for Myanmar, que expunha corrupção militar, também foi bloqueado por, supostamente, disseminar boatos.

Thet Min compartilhou alguns dos desafios que eles enfrentam hoje:

"Para nós, uma das principais dificuldades é ter acesso a diferentes partes interessadas, particularmente o governo. Em Mianmar, por algumas áreas étnicas estarem em situação de conflito armado, são proeminentes as informações falsas e enganosas que chegam em forma de propaganda e discurso perigoso referentes a questões sobre os conflitos. Então, é difícil para a mídia de notícias obter informações precisas sobre essas áreas, uma vez que ela não consegue ter acesso às evidências e às vozes desse povo. Para verificadores de fatos, é difícil checar os fatos de grande parte das notícias dessas áreas. Não sabemos a conjuntura exata, nem mesmo dados numéricos."

Mianmar possui mais de 100 grupos étnicos, alguns deles envolvidos em conflito armado com o governo nacional. O conflito em alguns municípios de Rakhine, ao norte de Mianmar, resulta em interferência na rede de internet desde junho de 2019. O colégio eleitoral do governo anunciou o cancelamento das eleições em áreas de risco, o que poderá privar mais de um milhão de eleitores de seu direito civil.

Thet Min aconselhou os usuários de internet de Mianmar:

"As pessoas ficam sensíveis durante o período eleitoral. Queremos que os eleitores não sejam manipulados ao lerem as notícias, seja qual for o partido que eles apoiem. Pode ser que eleitores compartilhem notícias falsas sobre partidos políticos que não os agradam sem checar e verificar. Desinformação pode prejudicar nossa sociedade."

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