Metalúrgicos da Magna Seating - uma das principais fornecedoras da Fiat Automóveis – situada em São Joaquim de Bicas, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), conquistaram nesta sexta-feira (28), após greve de 24 horas, um reajuste salarial de 9%, índice que, até o momento, é considerado um dos maiores negociados este ano em um acordo salarial por uma categoria profissional no país.
Com o fim da greve, os metalúrgicos da fábrica também conquistaram abono de R$ 1.300,00, garantia de emprego por 90 dias, aumento no valor da cesta-alimentação, que passou de R$ 80,00 para R$ 140,00, e remuneração das horas-extras a 100% todos os dias da semana, inclusive aos sábados e domingos. Também não haverá desconto das horas paradas e nem punição aos grevistas.
A paralisação na fábrica foi iniciada na última quinta-feira (27) e teve como estopim a insatisfação dos metalúrgicos da Magna em relação à proposta apresentada pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) à categoria nas negociações da Campanha Salarial Unificada dos Metalúrgicos, cuja data-base é 1º de outubro.
Saldo positivo
“As empresas continuam ganhando muito e têm sido beneficiadas com incentivos vindos do governo federal, como a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), a desoneração da folha de pagamento e, mais recentemente, com a diminuição nas tarifas de energia elétrica, mas não oferecem uma proposta que valorize o trabalho da categoria”, avalia o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Betim e Região, João Alves de Almeida.
Na avaliação de Almeida, a paralisação deixa um saldo positivo. “Esta conquista terá reflexo em toda a categoria, pois mostra que as empresas do setor, de maneira geral, têm condições de apresentar uma proposta que esteja à altura do empenho e dedicação dos trabalhadores nas fábricas, onde o ritmo de produção continua acelerado com a realização de horas-extras em excesso”, ressalta.
Proposta da Fiemg não agrada
Em reunião realizada na última quarta-feira (26), na quinta rodada de negociações da Campanha Salarial Unificada, a Fiemg limitou-se a manter a proposta anteriormente apresentada aos metalúrgicos, que prevê reajuste de 4,5% - que seria aplicado sobre os salários recebidos pela categoria em setembro de 2011 - mais 0,5% a partir de janeiro de 2013, índices que não repõem as perdas salariais da categoria com a inflação do período (1º de outubro de 2011 a 30 de setembro deste ano), estimada em pouco mais de 5% - a reivindicação dos metalúrgicos é de um reajuste de 12%.
Em relação ao piso salarial, a proposta patronal é de um reajuste de 5%, conforme a faixa salarial e o número de empregados por fábrica. A proposta da Fiemg não inclui outras reivindicações feitas pelos metalúrgicos, como pagamento de abono de um salário nominal, garantia de emprego e redução da jornada de trabalho de 44 horas para 40 horas semanais, sem diminuição dos salários. A próxima rodada de negociações entre metalúrgicos mineiros e a Fiemg está marcada para o dia 9 de outubro.
A Campanha Salarial Unificada dos Metalúrgicos é encabeçada pela Federação Interestadual dos Metalúrgicos e Metalúrgicas do Brasil (FIT Metal), Federação dos Metalúrgicos/MG (FEM), ligada à CUT, e Federação dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas (FEMETAL MG), que, juntas, representam cerca de 250 mil metalúrgicos em todo o estado.
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