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segunda-feira, 5 de abril de 2021

Marcelo Tas e jornalista da Globo espalham desinformação para acusar Lula de mentir

Para tentar igualar petista a Bolsonaro, a mídia apela à prática lavajatista de que as convicções superam as provas

Como trancafiar Lula na prisão não resultou na queda de sua popularidade entre os brasileiros, a tal direita “liberal” e seus cúmplices na mídia corporativa apelam a uma estratégia desesperada: igualá-lo a Jair Bolsonaro. Uma fala do ex-presidente durante a entrevista a Reinaldo Azevedo –que teve até agora 1,6 milhão de views no youtube– foi usada pelo apresentador Marcelo Tas e um jornalista da Globo News para tentar colar em Lula a pecha de “mentiroso” e assim colocá-lo no mesmo patamar do Pinóquio do Palácio do Planalto.

Como trancafiar Lula na prisão não resultou na queda de sua popularidade entre os brasileiros, a tal direita “liberal” e seus cúmplices na mídia corporativa apelam a uma estratégia desesperada: igualá-lo a Jair Bolsonaro. Uma fala do ex-presidente durante a entrevista a Reinaldo Azevedo –que teve até agora 1,6 milhão de views no youtube– foi usada pelo apresentador Marcelo Tas e um jornalista da Globo News para tentar colar em Lula a pecha de “mentiroso” e assim colocá-lo no mesmo patamar do Pinóquio do Palácio do Planalto.
Tas e Daniel Souza usaram o twitter para afirmar, sem nenhum tipo de checagem –lição básica do bom jornalismo– que Lula “mentiu” ao dizer que telefonou ao presidente Barack Obama em 2008 para alertá-lo sobre a necessidade de investimento público para driblar a crise financeira. “Quando teve a queda do Lehman Brothers eu liguei pro Obama. Eu falava que a crise aqui ia ser uma marolinha porque reforçamos o investimento público com o BNDES e o Banco do Brasil. E o Obama disse que lá ele não tinha como fazer isso”, afirmou o petista.
Sousa, comentarista do programa Estúdio I do canal de notícias da família Marinho, foi o primeiro. Em seu perfil na rede social, o jornalista fez uma postagem, imediatamente repercutida nos sites bolsonaristas, afirmando que o presidente na época da quebra do Lehman Brothers era George W. Bush, não Obama. Como se a crise do banco tivesse durado apenas um dia e Barack Obama não tivesse sido eleito menos de dois meses depois, em 4 de novembro de 2008. 
Marcelo Tas (aquele cujo programa, o extinto CQC, ajudou a promover o “mito”) partiu para cima do ex-presidente em seguida, acusando-o frontalmente de “mentir”. “Nesta ocasião, o Obama não era presidente, ex-Presidente. Você é tão acostumado a não ser questionado que mente e nem sente. Sua ‘marolinha’, além da cooptação do seu governo com empreiteiras destruiu a vida de muitos. Tenha coragem de encarar os fatos. Se dê ao respeito”, tuitou. 
Movidos pelo ódio ao PT alimentado pela mídia comercial há anos e que nos trouxe a Bolsonaro, ambos os jornalistas recorreram, eles sim, à desinformação para acusar Lula de mentir. Em setembro de 2008, uma semana após a quebra do Lehman Brothers, Lula estava em Nova York, nos EUA, para o discurso da Assembleia Geral das Nações Unidas, e matérias da própria mídia comercial mostram que exatamente naquele período ele deu conselhos aos dois candidatos à presidência, o democrata Barack Obama e o republicano John McCain.

“O ideal era que os dois candidatos pudessem assinar uma carta ao povo americano, como eu assinei uma carta ao povo brasileiro, assumindo compromissos, para passar tranqüilidade para o povo americano e para o mundo como um todo, na medida em que os Estados Unidos são a maior economia e qualquer crise pode afetar todos os outros países”, disse Lula em reportagem do Estadão de 24 de setembro de 2008.

Em seu discurso na ONU, Lula também falou publicamente da necessidade de intervenção do Estado na economia para mitigar os efeitos da crise. “As indispensáveis intervenções do Estado, contrariando os fundamentalistas do mercado, mostram que é chegada a hora da política. Somente a ação determinada dos governantes, em especial naqueles países que estão no centro da crise, será capaz de combater a desordem que se instalou nas finanças internacionais, com efeitos perversos na vida cotidiana de milhões de pessoas”, defendeu o então ocupante do Planalto. A declaração foi repercutida no site oficial das Nações Unidas.

Menos de dois meses depois, em novembro, com Obama já eleito, a BBC Brasil noticia que Lula telefonou ao novo presidente dos EUA, que Barack retornou a ligação e que ela durou em torno de 15 minutos. Nesta época, havia sido concluída a negociação em que o Lehman Brothers foi adquirido pelo grupo japonês Nomura, mas até o final do ano de 2008 a crise ainda não tinha se resolvido. A gerência de investimentos da Lehman Brothers foi vendida em dezembro de 2008.


Em março do ano seguinte, com Obama já no cargo, o site oficial da Casa Branca transcreve a conversa de quase duas horas que o presidente norte-americano teve com Lula e onde seu homólogo brasileiro fala da necessidade de investimento público para driblar a crise. “Discutimos a crise econômica que o mundo enfrenta hoje. O presidente Obama e eu estamos realmente convencidos de que a crise econômica pode ser resolvida por decisões políticas que poderiam ser tomadas na reunião do G20″, disse Lula.

Então quais são as evidências de que Lula “mentiu” ao dizer que telefonou para Obama para aconselhá-lo sobre a crise econômica? Todas as evidências apontam para o contrário. Por que então duvidar publicamente da palavra do ex-presidente a não ser por ódio? “É de quem acusa o ônus da prova”, reza o princípio do estado de direito. O jornalismo hegemônico infelizmente herdou da Lava-Lato a prática de que as convicções superam as provas. Confrontados, ambos os jornalistas, em vez de recuar, partiram para o ataque aos “devotos de Lula”, igualando-os aos “devotos de Bolsonaro”.

O ódio ao PT e a Lula fez nossa imprensa decair em qualidade e talento, transformou-a em instrumento de perseguição a políticos e a uma ideologia. Ao perder a objetividade, a exatidão e o equilíbrio, contradiz frontalmente as regras fundamentais do bom jornalismo.

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